O chefe da junta militar no poder em Myanmar (antiga Birmânia), que controla o país desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, apelou às várias fações étnicas armadas a iniciarem conversações de paz.
Corpo do artigo
"Convido os dirigentes dos grupos armados ao diálogo", disse Min Aung Hlaing, num discurso transmitido pelos órgãos de comunicação social estatais, acrescentando que está disposto a encontrar-se pessoalmente com "todos" antes do dia 9 de maio.
Desde a independência de Myanmar, em 1948, que cerca de 20 fações étnicas se encontram em confronto com o executivo central, pretendendo alcançar mais autonomia e acesso às inúmeras riquezas naturais do país, incluindo o cultivo de ópio destinado ao tráfico ilegal de estupefacientes.
Em 2015, o exército estabeleceu um acordo nacional de cessar-fogo com dez grupos armados.
Mesmo assim, muitas dessas fações étnicas armadas voltaram a confrontar-se com os militares após o golpe de Estado de 1 de fevereiro do ano passado e que afastou do poder a Liga Nacional para a Democracia, partido liderado por Aung San Suu Kyi, que tinha vencido as eleições gerais do ano anterior.
A violência e a repressão dos militares têm sido uma constante no país desde o golpe de Estado, provocando centenas de milhares de deslocados, de acordo com as Nações Unidas.
Recentemente eclodiram confrontos na região de Sagaing, no norte, entre militares e membros das forças independentistas kachin, uma das fações mais ativas no país.
Registaram-se igualmente violentos combates no estado de Kayin, perto da fronteira com a Tailândia, onde os civis apoiam as ações da União Nacional Karen (KNU), o grupo rebelde mais antigo de Myanmar e representante da minoria étnica com o mesmo nome.
Em março, Min Aung Hlaing, que agora se mostra disposto a manter conversações de paz, prometeu "aniquilar" os oponentes num discurso durante o desfile anual do Dia das Forças Armadas.
De acordo com ativistas locais, mais de 1800 pessoas morreram desde o golpe de Estado e cerca de 13 mil foram presas pelos militares.
A ONU já acusou a junta militar de "prováveis crimes de guerra e de crimes contra a humanidade".