Centenas de casas foram recentemente incendiadas por tropas de segurança no noroeste de Myanmar, disseram testemunhas à agência France-Presse (AFP), confirmando relatos dos meios de comunicação locais.
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Segundo as fontes, o exército levou a cabo ataques em 31 de janeiro em várias aldeias da região de Sagaing, um dos redutos da resistência à junta militar que tomou o poder em Myanmar em 1 de fevereiro de 2021.
Imagens obtidas pela AFP mostraram os restos de dezenas de habitações carbonizadas.
Na aldeia de Bin, as forças de segurança "dispararam artilharia e tiros" e, depois, incendiaram cerca de 200 casas, disse um morador à AFP, sob condição de anonimato.
"Não pudemos levar nada connosco. Levámos apenas algumas roupas quentes e fugimos", relatou.
Na aldeia vizinha de Inn Ma Hte, o exército incendiou cerca de 600 casas depois de apoiantes do regime terem sido atacados por combatentes da resistência anti-junta, de acordo com um combatente rebelde que pediu o anonimato.
Os meios de comunicação locais relataram também que centenas de casas foram destruídas nas duas aldeias.
Na quinta-feira, a televisão estatal transmitiu uma reportagem acusando os opositores do regime, apelidados de "terroristas", de provocar os incêndios.
Myanmar mergulhou no caos desde o golpe militar que há um ano derrubou Aung San Suu Kyi e pôs fim a uma década de transição democrática.
Milícias de cidadãos, apoiadas por fações étnicas rebeldes, pegaram em armas para lutar contra o regime.
Na sequência da luta dos generais contra os seus oponentes, mais de 1500 civis já foram mortos e quase 9000 estão atualmente sob custódia, de acordo com um grupo de vigilância local.
Investigadores da ONU falam em potenciais "crimes de guerra e crimes contra a humanidade", citando "alegações credíveis" de tortura, violência sexual e execuções extrajudiciais.
A região de Sagaing tornou-se nas últimas semanas palco de confrontos particularmente violentos entre militares e os seus opositores.
Em dezembro, os EUA condenaram o massacre nesta região de 11 aldeões, mortos antes de serem queimados pelas forças de segurança, indicando ter "informações credíveis" sobre esses abusos.
Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou uma declaração unânime pedindo "a cessação imediata de todas as formas de violência" no país.
Washington, Londres e Otava anunciaram novas sanções direcionadas contra o regime.