
Se for condenado, Moosdorf arrisca-se a uma multa ou a uma pena de prisão de até três anos
Foto: Niklas Jeromin/ Pexels
A justiça alemã acusou esta segunda-feira um deputado do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), o principal da oposição, de utilização de símbolos anticonstitucionais por ter alegadamente realizado uma saudação hitleriana.
Sem identificar o deputado, o Ministério Público informou num comunicado que os factos constantes da acusação ocorreram em junho de 2023 na câmara baixa do parlamento federal (Bundestag), durante uma sessão plenária.
O acusado é um deputado de 60 anos que os meios de comunicação social alemães identificaram como Matthias Moosdorf, eleito pela circunscrição saxónica de Zwickau.
Moosdorf terá alegadamente saudado um colega de bancada batendo os calcanhares em estilo militar e realizando a saudação hitleriana, como é vulgarmente chamada na Alemanha a saudação romana utilizada pelos nazis.
"Ao realizar a saudação do proibido Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ele deveria estar consciente de que poderia ser observado por terceiros", assinalou a procuradoria-geral de Berlim, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
O partido em causa, também conhecido por partido nazi, foi liderado por Adolf Hitler (1889-1945), responsável pelo Holocausto, um programa sistemático de extermínio que vitimou seis milhões de judeus, e pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A imunidade parlamentar de Moosdorf foi levantada em outubro.
Agora, o tribunal do distrito de Tiergarten, em Berlim, vai decidir se aceita a acusação e abre um processo contra o deputado.
Se for condenado, Moosdorf arrisca-se a uma multa ou a uma pena de prisão de até três anos.
Multado por usar slogan nazi
Não seria a primeira condenação contra um membro da AfD pela utilização de símbolos anticonstitucionais.
O líder da ala mais radical do partido, Bjorn Hocke, foi condenado ao pagamento de uma multa por usar o "slogan" nazi "Tudo pela Alemanha" num comício.
Moosdorf também está envolvido noutra controvérsia por ter viajado para a Rússia sem a autorização da AfD, de que é membro desde 2016.
Conhecido por ser próximo da Rússia, Moosdorf, que é músico, é professor honorário num conservatório de música em Moscovo, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Um outro deputado da AfD, Maximilian Krah, viu a imunidade levantada em setembro por suspeita de corrupção e branqueamento de capitais em ligação com a China.
A justiça alemã condenou no final de setembro um ex-colaborador de Krah no Parlamento Europeu a quatro anos e nove meses de prisão efetiva por espionagem a favor de Pequim.
