Um alto responsável de Kiev denunciou esta sexta-feira uma "invasão armada" da Crimeia por mais de dois mil soldados russos aerotransportados em Simferopol, capital da república autónoma do sul da Ucrânia. Turchinov pede o fim da "agressão ostensiva".
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"Estamos hoje (sexta-feira) a assistir a uma invasão armada russa (...). O espaço aéreo [da Crimeia] está encerrado devido ao grande número de aterragens de aviões e helicópteros russos", declarou o representante do presidente ucraniano na Crimeia, Serguii Kunitsyn, à estação televisiva ART.
O responsável estimou que cerca de dois mil militares russos tinham já sido aerotransportados para um aeroporto militar próximo de Simferopol.
"Treze aviões russos aterraram no aeroporto de Gvardeyskoye (perto de Simferopol), com 150 pessoas em cada um", precisou o representante presidencial.
Pouco antes, o Governo ucraniano tinha enviado uma nota de protesto à Rússia pela violação do seu espaço aéreo e também pela mobilização de tropas e blindados da frota russa do Mar Negro na península da Crimeia.
Segundo a nota, os serviços da guarda fronteiriça ucraniana observaram 10 helicópteros de combate a cruzar a fronteira em direção a um dos aeroportos da Crimeia, palco de tensões entre a maioria pró-russa e as autoridades de Kiev.
A Rússia apenas tinha pedido autorização para que três helicópteros atravessassem a fronteira junto ao estreito de Kerch, que separa os dois países, noticiaram os média locais.
Segundo a mesma fonte, o voo dos helicópteros, que representa uma violação do acordo bilateral sobre o estatuto da base naval russa no porto ucraniano de Sebastopol, de maio de 1997, foi gravado em vídeo.
"A Ucrânia não dirigiu à Rússia qualquer tipo de proposta ou pedido sobre o uso de unidades militares da frota russa do Mar Negro provisoriamente estacionadas no território da Ucrânia para garantir a ordem pública ou adotar medidas antiterroristas e outras medidas de força", lê-se no comunicado.
Por isso, acrescenta o texto, "o Governo ucraniano insiste no seu pedido de imediato regresso das tropas e equipamentos militares e de combate da frota russa do Mar Negro para os locais onde estão estacionados".
Horas antes, a Rússia entregara à Ucrânia uma nota informativa sobre as mobilizações de veículos blindados pertencentes à frota do Mar Negro, que tem a sua base em Sebastopol, nos termos de um tratado bilateral que expira em 2042.
De acordo com a nota russa, as mobilizações de blindados estariam a responder à "necessidade de garantir a segurança dos lugares de saída da frota do Mar Negro na Ucrânia, o que decorre em estrita consonância com o acordo russo-ucraniano".
O presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, pediu ao chefe de Estado russo, Vladimir Putin, para "terminar imediatamente a sua agressão ostensiva e retirar os seus militares da Crimeia", durante uma intervenção transmitida pela televisão.
"Dirijo-me pessoalmente ao presidente Putin, para lhe pedir o fim imediato da sua agressão ostensiva e retirar os seus militares da Crimeia", declarou Turchinov.
O líder interino ucraniano denunciou o que considerou as intenções de Moscovo "de provocar um conflito e de seguida anexar o território".