"Libertem os nossos filhos", pede presidente da Câmara de Barcelona ao Governo espanhol
A presidente da Câmara de Barcelona pediu na quarta-feira ao Governo espanhol que permita que as crianças saiam à rua o mais rápido possível. Ada Colau descreveu a sociedade como "excessivamente centrada no adulto" e recordou que os mais novos são "pessoas com direitos".
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No seu perfil de Facebook, a presidente da Câmara de Barcelona começou por explicar que são cada vez mais as "vozes" que questionam o confinamento infantil instituído após a pandemia de Covid-19 no país.
Ada Colau Ballano, mãe de dois filhos (de três e de nove anos), considerou a situação "insustentável" e afirmou que é necessário falar sobre o assunto. "Não espereis mais: liberdade para os nossos filhos!", escreveu, numa altura em que Espanha começa a levantar algumas restrições de confinamento social.
Não espereis mais: liberdade para os nossos filhos!
"Semana após semana, as crianças discutem cada vez mais, têm crises de tristeza, raiva. É quase impossível manter um cronograma, uma ordem ou fazer os trabalhos de casa, ou qualquer outra coisa", enumerou.
Colau detalha inclusive que o filho mais novo, "que já estava a deixar a fralda, deu um passo atrás e já não pede para ir à casa de banho. (...) Recuso-me a pensar que a culpa é nossa", afirmou.
A presidente da Câmara de Barcelona mostrou-se ainda indignada por os adultos estarem autorizados a sair para ir passear o cão e por já se retomar algumas atividades não essenciais enquanto os menores continuam fechados em casa.
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"Já sabemos que eles podem espalhar [o vírus] sem apresentar sintomas: assim como muitos adultos. Vamos encontrar uma maneira de fazê-lo corretamente e de acordo com os conselhos dos especialistas em saúde", apelou.
No repto lançado, Ada criticou ainda o facto de se viver numa "sociedade excessivamente centrada no adulto" e recordou que as crianças são "pessoas com direitos" ainda que, segundo ela, sejam "sistematicamente violados."
"Se há algo que eu gostaria de retirar dessa terrível crise, é que o novo mundo seja mais feminista, que coloque as pessoas no centro e que eduque com amor, em vez de individualismo, medo e guerra", finalizou.
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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou a 12 de abril que a fase de confinamento continuaria, "pelo menos", durante mais duas semanas. No entanto, algumas atividades que foram consideradas não essenciais (e que encerraram a 29 de março) já voltaram a funcionar.
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O último balanço do Ministério da Saúde de Espanha aponta para 19130 vítimas mortais, 182816 infetados e 74797 curados desde o início da pandemia.