O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai apresentar esta semana um plano de reforço da autonomia da Escócia, na tentativa de inverter a progressão do "sim" à independência nas sondagens sobre o referendo de 18 de setembro.
Corpo do artigo
O plano do Governo de coligação entre conservadores e liberais é apoiado pelos trabalhistas e prevê aumentar a autonomia do parlamento e do Governo escoceses em matéria orçamental, nos domínios da cobrança de impostos e das despesas sociais.
A iniciativa surge depois de, no domingo, uma sondagem ter colocado o "sim" pela primeira vez à frente nas intenções de voto para o referendo que se realiza daqui a dez dias.
A sondagem, que atribui 51% ao "sim" e 49% ao "não", chocou muitos britânicos e fez a libra esterlina cair para o nível mais baixo em dez meses e a Bolsa de Londres descer quase um por cento, devido à incerteza financeira que a eventual independência da Escócia cria.
Para os partidários da independência, as promessas de Londres não passam de um "gesto desesperado" a dez dias da votação.
"Depois de não terem conseguido amedrontar os escoceses, a próxima etapa é manifestamente a de nos tentarem comprar", disse o primeiro-ministro escocês e líder da campanha pelo "sim", Alex Salmond.
Para convencer os indecisos, segundo observadores políticos ouvidos pela agência France Presse, seria preciso mais do que um reforço da autonomia.
"Há momentos na gestão de um país em que é preciso pensar em grande", considerou Will Hutton, do jornal Observer: "Os líderes dos partidos no Parlamento de Westminster devem propor a criação de um Reino Unido federal e organizar uma convenção constitucional para discutir a sua implementação no caso de a Escócia votar 'não'".
Para o antigo primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, um escocês, a subida dos independentistas é uma resposta à política de austeridade do Governo conservador.
"Há muita gente irritada com a 'Bedroom Tax' - uma taxa aplicada aos inquilinos de habitações sociais que tenham quartos livres -, que foi imposta aos escoceses contra a sua vontade e numa altura em que os mais ricos beneficiavam de reduções de impostos", escreveu num artigo de opinião no Sunday Mirror.
O líder da campanha pelo "não", o ex-ministro das Finanças trabalhista Alistair Darling, desvalorizou a sondagem de domingo, sublinhando que outros estudos apontam para uma vitória do "não", mas admitiu que os dois lados "estão claramente muito próximos".