O presidente brasileiro pediu, esta segunda-feira, ao homólogo norte-americano, Donald Tump, a retirada das tarifas aplicadas a produtos brasileiros e as sanções a autoridades brasileiras, durante uma conversa telefónica.
Corpo do artigo
De acordo com a Presidência brasileira, a conversa entre os dois líderes demorou cerca de 30 minutos, na qual Lula da Silva "solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras".
"Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve", lê-se na mesma nota, com Lula propor a possibilidade do encontro realizar-se durante a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que ocorre na Malásia a partir de 26 de outubro.
Para além disso, Lula da Silva mostrou-se disponível para viajar até aos Estados Unidos.
O chefe de Estado brasileiro recordou a Donald Trump "que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superavit [excedente] na balança de bens e serviços", reforçando assim um dos argumentos brasileiros para demonstrar a injustiça comercial das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Na conversa, que decorreu "em tom amistoso", os líderes recordaram a "boa química que tiveram em Nova Iorque por ocasião da Assembleia Geral da ONU", sendo que agora "trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação", disse o Governo brasileiro.
Donald Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Do lado do Governo brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad e Sidônio Palmeira, bem como pelo assessor especial, Celso Amorim.
Os Estados Unidos e o Brasil vivem uma crise diplomática sem precedente desencadeada, numa primeira fase, pela presidência brasileira nos BRICS, mas, principalmente, pelo processo que levou à condenação a 27 anos e três meses de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Donald Trump.
Donald Trump, que vê o julgamento como uma "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro, já foi avisado várias vezes por Lula da Silva de que a soberania brasileira não está na mesa de discussões entre os dois países.
Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro.