Líderes assinaram 15 acordos comerciais que totalizam mais de nove mil milhões de euros em investimentos. Guerra na Ucrânia foi tema de conversa.
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Recebido por Xi Jinping no Grande Salão do Povo, em Pequim, Lula da Silva expressou, esta sexta-feira, o desejo de aprofundar a relação com o Estado aliado ao longo dos próximos anos, deixando uma mensagem clara: "Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China". Depois de uma reunião bilateral privada, o presidente brasileiro revelou que foram assinados 15 acordos comerciais que contemplam uma vasta cooperação em áreas como a ciência e tecnologia, relações culturais, ambiente, energia limpa, produção de transportes elétricos e intercâmbio académico. Foram ainda fechadas 20 parcerias entre empresas privadas e entidades públicas.
Antes da primeira receção na capital do gigante asiático, na qual o chefe de Estado do Brasil se encontrou com o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, o líder estabeleceu os objetivos da visita diplomática. "Elevar o patamar da parceria estratégica e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial", escreveu no Twitter, antes de firmar os pactos comerciais que, segundo o Ministério da Fazenda (Economia) do Brasil, totalizam mais de nove mil milhões de euros em investimentos.
A lista de memorandos de entendimento alcançada pelos dois Governos contempla ainda parcerias público-privadas e um protocolo para fabricar e operar satélites CBERS-6. De acordo com o jornal "Folha de S.Paulo", o rascunho da declaração conjunta - que ainda estará a ser aprimorada pela comitiva brasileira - menciona um estímulo ao uso de moedas locais dos dois países para o comércio bilateral - um dos pontos que assinala de forma concreta a intenção de abrir a porta a um distanciamento do dólar e dos EUA.
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Além do diálogo sobre os negócios futuros, Lula da Silva dirigiu-se à China com o intuito de reforçar uma aposta comum na luta contra as mudanças climáticas. "Contamos com a China na nossa luta pela preservação do planeta Terra, defendendo uma política climática mais saudável. Em que as pessoas possam respirar ar mais puro e beber água mais limpa. Para isso, é extremamente importante uma transição energética para que a gente possa produzir energia mais limpa", frisou o presidente, lembrando que um dos objetivos do Governo que lidera é, até 2030, "alcançar o desmatamento zero na Amazónia".
Já o homólogo chinês, que nas últimas semanas tem fortalecido laços com diversos líderes mundiais, entre os quais Vladimir Putin e Emmanuel Macron, assinalou que "a China procura um desenvolvimento de alta qualidade" e vai "acelerar a criação de um novo paradigma de desenvolvimento. Isto vai abrir novas oportunidades para o Brasil e para os países de todo o Mundo".
Paz e diálogo na Ucrânia
Um dos temas centrais das conversações entre Lula e Xi foi a guerra na Ucrânia. Os dois presidentes concordaram, informaram os média estatais chineses, que o "diálogo e negociações" são a única saída viável para o conflito europeu.
Nem a China nem o Brasil adotaram sanções contra Moscovo, ao contrário do Ocidente. As duas nações têm tentado estabelecer posições neutrais para alcançar a paz. Pequim já apresentou um plano de 12 pontos, enquanto Lula sugeriu a formação de um grupo de países que trabalhe numa solução negociada.