"Tentaram enterrar-me vivo e eu estou aqui para governar o país", disse Lula da Silva, no primeiro discurso enquanto presidente-eleito do Brasil. O líder do Partido dos Trabalhadores conquistou, no domingo, o terceiro mandato à frente do país, com 50,88% dos votos
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Nas primeiras palavras após a confirmação da eleição como presidente da República do Brasil, Lula da Silva agradeceu a todos os brasileiros que o elegeram, reconhecendo que esta conquista não foi fácil. "Nós não enfrentámos um inimigo, nós enfrentamos a máquina do Estado brasileiro colocada ao serviço do candidato para tentar evitar que nós ganhássemos as eleições", admitiu.
"Tentaram enterrar-me vivo e eu estou aqui para governar o país", disse aquele que será 39.º chefe de Estado brasileiro, na sede da campanha, no Hotel Intercontinental, em São Paulo. Consciente do período difícil que o país enfrenta, o líder do Partido dos Trabalhadores mostrou-se confiante e afirmou que com "a ajuda do povo", vai "encontrar uma saída, para que o país volte a viver democraticamente e restabeleça a paz".
O candidato do Partido dos Trabalhadores foi eleito com 50,83% dos votos, derrotando Jair Bolsonaro, no poder, que obteve 49,17%. Falando em eleições "históricas", Lula da Silva garantiu que o único e grande vencedor é o povo brasileiro, que mostrou querer mais liberdade, igualdade e fraternidade.
Lula fez ainda um apelo à união: "Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras. Não existem dois "Brasis", somos um único país, um único povo e uma grande nação", afirmou, depois de mencionar algumas das áreas do país que pretende "reconstruir" e melhorar: como a pobreza, o racismo, a desigualdade e a falta de oportunidades no país. "O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade. Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. O povo brasileiro quer ter de volta a esperança", sublinhou.
Lula, de 77 anos, regressa ao Palácio do Planalto a 1 de janeiro e será o mais velho presidente da história. Esta será também a terceira passagem pela presidência, que liderou por dois mandatos entre 2003 e 2010. "O nosso compromisso mais urgente é acabar com a fome outra vez. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças não tenham o que comer", acrescentou.
"Viveremos um novo tempo de paz, amor e esperança", rematou.