Um grupo de cientistas, na Malásia, descobriu que os macacos estão a comer os ratos que vivem nas plantações de óleo de palma, atuando, assim, como um pesticida natural naquele país, que exporta 30% da produção mundial deste produto.
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Um estudo, publicado na revista científica "Current Biology", na segunda-feira, demonstra que os macacos-cauda-de-porco, que habitualmente se alimentam de frutas, lagartos ou pássaros, também consomem ratos.
Os autores defendem que o apetite dos macacos por ratos é a prova de que em vez de serem pragas, como geralmente se acredita, contribui para atenuar as perdas provocadas pelos ratos.
"Fiquei surpreendida quando descobri, pela primeira vez, que os macacos se alimentam dos ratos nas plantações", disse, citada pelo jornal "The Guardian", Nadine Ruppert, professora da Universidade de Ciência, na Malásia, e uma das autoras do artigo. "Não esperava que estes animais fossem capazes de comer roedores tão grandes ou que comessem tanta carne", destacou.
Segundo explica o "New York Post", os investigadores acompanharam os animais entre janeiro de 2016 e setembro de 2018. Os cientistas descobriram que cada grupo de primatas, com cerca de 44 exemplares, foi responsável pela morte de pelo menos três mil ratos em cada ano.
Estes roedores são responsáveis por perdas na ordem dos 10% das plantações, em comparação com os 0,54% dos macacos. Para os cientistas fica, assim, claro que os primatas ajudam os produtores a aumentarem as suas receitas.
"Esperamos que estes resultados sirvam para encorajar os proprietários das plantações a protegerem os macacos e o seu habitat", apelou Anja Widdin, da Universidade de Leipzing, e outra das autoras do trabalho.
Uma planta e muita polémica
O óleo de palma é o óleo vegetal mais popular em todo o mundo, podendo ser usado em champôs, chocolate e até pão. O aumento destas plantações, e a consequência para a vida animal, faz com que seja uma planta bastante polémica.
Grandes áreas naturais são destruídas e limpas para abrir espaço para estas plantações, lançando grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera.
Os macacos-cauda-de-porco estão na lista dos animais vulneráveis e as mortes destes animais são comuns nas zonas de plantações de óleo de palma. "Esperamos que os nossos resultados consigam demonstrar que é possível mitigar os conflitos entre os seres humanos e a vida selvagem", escreveram os autores.