
Vinte manifestantes e 100 polícias ficaram feridos, sendo que 40 agentes foram hospitalizados
Foto: Jose Mendez / EPA
Mais de 100 polícias ficaram feridos e 20 manifestantes foram detidos durante um protesto, no sábado, na Cidade do México, contra a forma como a presidente tem lidado com crimes violentos, segundo as autoridades locais.
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Milhares de pessoas marcharam na histórica praça pública da capital, o Zócalo, numa manifestação impulsionada por jovens mexicanos ligados a uma onda global de protestos da Geração Z, bem como por apoiantes do movimento nacional "Sombrero", que surgiu após o recente assassinato de um presidente da câmara conhecido pela sua luta contra o crime organizado.
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A AFP observou participantes de todas as idades no comício em frente ao Palácio Nacional, onde a presidente Claudia Sheinbaum vive e trabalha.
Vários manifestantes, alguns com balaclavas, derrubaram as barreiras metálicas que protegiam o palácio e atiraram pedras aos polícias de choque, que responderam com gás lacrimogéneo, segundo jornalistas da AFP.



Fotos: Ulises Ruiz / AFP
"Durante várias horas, esta mobilização decorreu e desenvolveu-se pacificamente, até que um grupo de indivíduos encapuzados começou a cometer atos de violência", disse Pablo Vazquez, chefe de segurança da Cidade do México, aos jornalistas.
Vinte manifestantes e 100 polícias ficaram feridos, com 40 agentes hospitalizados devido a cortes e contusões, acrescentou Vazquez.
A polícia deteve 20 pessoas por roubo e agressão e iniciou uma investigação sobre a agressão a um jornalista do jornal "La Jornada", que alegou que os agentes da polícia estavam por trás do incidente, indicou ainda o responsável.
Foto: Ulises Ruiz / AFP
Inspirados pelo autarca assassinado
Sheinbaum, no poder desde outubro de 2024, manteve índices de aprovação acima de 70% no seu primeiro ano no cargo, mas enfrenta cada vez mais críticas às políticas de segurança, após vários assassinatos de grande repercussão.
"Este é um dos governos mais corruptos que já tivemos", disse Valentina Ramirez, uma estudante entrevistada pela AFP. "É um governo corrupto e narcotraficante que quer defender os corruptos e os cartéis em vez do povo".
No sábado, vários manifestantes usavam "sombreros" semelhantes ao estilo de chapéu que ficou famoso por Carlos Manzo, um presidente da câmara do estado de Michoacan, no oeste do país, que foi assassinado a 1 de novembro. O autarca era conhecido pela luta contra os gangues de tráfico de drogas na sua cidade natal, Uruapan.
Foto: Francisco Guasco / EPA
A viúva do presidente da câmara assassinado, no entanto, distanciou o movimento do seu marido da manifestação de sábado.
Bernardo Bravo, líder dos produtores de limão da mesma região, também foi morto a tiro no final de outubro.
No início desta semana, Sheinbaum questionou as motivações da manifestação e disse na sua habitual conferência de imprensa matinal que o protesto era "inorgânico" e "pago". Afirmou ser "um movimento promovido do exterior contra o governo".
Os manifestantes exibiram faixas com mensagens como "Somos todos Carlos Manzo" ao lado da icónica bandeira pirata do mangá japonês One Piece, que se tornou um símbolo do protesto juvenil em todo o Mundo, de Madagáscar às Filipinas e ao Peru.
Foto: Ulises Ruiz / AFP
"Deviam ter protegido Carlos Manzo assim!", gritaram alguns manifestantes às forças de segurança, que responderam com extintores e gás lacrimogéneo.
