A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse esta segunda-feira que mais de 230 mil afegãos regressaram do Irão em junho, a grande maioria expulsa pelas autoridades de Teerão.
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Entre 1 e 28 de junho, 233.941 afegãos atravessaram a fronteira, disse o porta-voz da OIM para o Afeganistão à agência de notícias France-Presse.
Avand Azeez Agha acrescentou que, só na semana de 21 a 28 de junho, a agência da ONU registou 131.912 regressos.
Em março, o Governo do Irão deu ordem para que, até ao próximo domingo, 6 de julho, quatro milhões de afegãos que residem ilegalmente no país abandonem o território iraniano, para o qual muitos fugiram devido à perseguição dos talibãs.
No total, desde o início do ano, "691.049 afegãos regressaram do Irão, 70% dos quais foram devolvidos à força", acrescentou Avand Azeez Agha.
O número de afegãos - alguns nascidos ou residentes de longa data no Irão - que regressaram ao país nas últimas semanas disparou. Em alguns dias da semana passada, registaram-se mais de 30 mil regressos, segundo a OIM.
Este número desceu para entre seis e sete mil por dia, segundo responsáveis da ONU e dos talibãs, mas todos esperam um novo aumento até 6 de julho.
No sábado, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) já tinha alertado para um aumento drástico da expulsão de afegãos do Irão.
Segundo o ACNUR, mais de 640 mil afegãos regressaram ao Afeganistão oriundos do Irão desde março.
Mais de 366 mil foram deportados, incluindo refugiados e pessoas em situação análoga à de refugiados, acrescentou a agência.
Só no dia 26 de junho, cerca de 36.100 afegãos regressaram ao seu país e, de acordo com o ACNUR, o número de regressos diários continua a aumentar desde 13 de junho.
O representante da agência da ONU em Cabul, Arafat Jamal, alertou que as famílias estão a chegar à capital afegã "com poucos pertences, exaustas, famintas e com medo do que as espera num país que muitas nunca pisaram".
"As mulheres e as raparigas estão particularmente preocupadas, temendo restrições à liberdade de circulação e a direitos básicos como a educação e o emprego" impostas pelo regime afegão, acrescentou Arafat Jamal.
No total, mais de 1,2 milhões de afegãos regressaram ou foram forçados a regressar do Irão e do Paquistão até 2025, agravando a situação já difícil no Afeganistão.
A ONU estima que mais de metade da população afegã dependa de assistência humanitária.
“Mais de um milhão de afegãos regressou este ano a um país já sob pressão de choques climáticos e com serviços básicos limitados”, alertou a organização, em comunicado divulgado na quinta-feira.
Em 2024, as Nações Unidas ajudaram três milhões de pessoas no Afeganistão com 155 milhões de euros, mas o financiamento caiu em 2025 e a ajuda atual chega apenas a uma fração dos necessitados.