A Arábia Saudita estará a preparar a execução, até ao fim do ano, de mais de 50 pessoas por alegadas ações ou intenções terroristas.
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Segundo o diário britânico "The Independent", três dos 52 condenados tinham menos de 18 anos à data dos crimes de que foram acusados. Tudo indica que as execuções deverão realizar-se em diversas cidades sauditas, numa sexta-feira, após as orações.
No ano passado contam-se 90 execuções no reino saudita. Só este ano já serão pelo menos 151. As execuções agora iminentes serão as primeiras por alegações de terrorismo.
Segundo a análise de um exilado saudita em Londres, Saad al Faqih, citada pelo diário britânico, esta ânsia de execuções deve-se a um "braço de ferro" entre o ministro do Interior, o príncipe Mohammad bin Nayef, e o ministro da Defesa, príncipe Mohammad bin Salman.
Este último ganhou posições decisivas pela sua proximidade ao rei, afetado por demência, e o seu rival Mohammad bin Nayef pretende fazer uma demonstração de força com a decapitação de 52 condenados de uma só vez.
Famílias e organizações de direitos humanos já manifestaram a sua preocupação. O diário britânico cita uma carta, escrita pelas mães de cinco detidos, incluindo os três menores de 18 anos: "Afirmamos que os nossos filhos não mataram nem feriram ninguém. As sentenças basearam-se em confissões extraídas sob tortura, julgamentos em que lhes foi vedado o contacto com os advogados de defesa e juízes que mostraram sempre a sua parcialidade a favor da acusação".
O irmão de um jovem detido em 2011, com 17 anos, e depois condenado à morte, diz que numa das visitas que lhe fez seis meses após a detenção, ele tinha o nariz partido. A mãe também o visitou e diz que ele tinha a cara tão inchada por lhe terem batido que não o reconheceu.
As autoridades sauditas negam a prática de tortura, mas a Amnistia Internacional diz que há provas claras do contrário. "Estas execuções não deviam acontecer. A Amnistia Internacional está contra a pena de morte em quaisquer circunstâncias".