Central sindical CGT fala em mais de dois milhões nas ruas contra o projeto de reforma do sistema de pensões, Ministério do Interior refere 1.12 milhões.
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Escolas fechadas, comboios e metros parados, mais de dois milhões de manifestantes nas ruas, segundo a central sindical CGT; 1.12 milhões, segundo o Ministério do Interior francês. Naquela que é a primeira prova de fogo para Emmanuel Macron desde a reeleição como presidente, o país paralisou esta quinta-feira numa mobilização rara que congregou, pela primeira vez em 12 anos, as oito principais centrais sindicais, que convocaram, com o apoio dos partidos de Esquerda, manifestações contra o projeto de revisão do sistema de pensões, que pressupõe o aumento gradual da idade da reforma dos atuais 62 para os 64 anos, até 2030.
Em Paris a marcha partiu por volta das 14 horas locais da Place de La République, e juntou, segundo a histórica Confederação Geral do Trabalho (CGT), citada pelo jornal Libération, 400 mil manifestantes, 80 mil segundo o Ministério do Interior, tendo sido necessária a intervenção das forças de segurança, que usaram granadas de gás lacrimogéneo sobre manifestantes que lançavam projéteis.
A central sindical aponta 35 mil manifestantes em Grenoble, 18 mil segundo a polícia. Já em Marselha, marcharam 140 mil, segundo a CGT, 26 mil segundo as autoridades.
Dados avançados pelo Ministério da Educação, citados pelo Liberatión, indicavam que, ao final do dia de hoje, 42,35% dos professores do ensino básico e 34,66% dos do ensino secundário estavam em greve. Os sindicatos referiam uma paralisação dos professores a rondar os 70%. No total, e de acordo com o mesmo jornal, quase um terço do funcionalismo público do país estava em greve. Uma nova paralisação foi agendada pelos sindicatos para 31 de janeiro.
Bandeira de Macron
A reforma do sistema de pensões foi uma das bandeiras da campanha presidencial de Macron, reeleito em Abril, após um primeiro projeto apresentado em 2020, que o chefe de Estado francês deixou cair com a chegada da pandemia. Hoje, Macron, que se encontrava em Barcelona com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, defendeu que a reforma que o seu Governo está a ultimar é "justa e responsável", e considerou que é "bom e legítimo que se expressem todas as opiniões", deixando o apelo para que não houvesse "violência nem danos materiais" nos protestos.
Embora a intenção inicial do líder do Eliseu fosse estender a idade da reforma dos 62 para os 65 anos, a primeira-ministra Elisabeth Borne acabou por fixar a idade nos 64 anos, mas antecipou para 2027 a exigência de uma carreira contributiva de 43 anos de descontos para permitir o acesso à reforma completa.
Segundo uma sondagem da IPSOS, citada pela agência AFP, embora 81% dos franceses considerem a reforma necessária, 61% rejeitam a proposta e 58% apoiam o movimento grevista.