Reforma no sistema de pensões francês leva dezenas de milhares a protestarem em Paris
Várias dezenas de milhares de manifestantes começaram a desfilar, esta terça-feira, em Paris contra a reforma do sistema de pensões em França, protestos liderados por responsáveis dos principais sindicatos franceses.
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A marcha começou às 14.15 horas locais (13.15 horas em Lisboa), encabeçada pelos líderes da Intersindical (CFDT CGT, FO, CFE-CGC, CFTC, Unsa, Solidaires e FSU), numa manifestação que tem como pano de fundo o lema "Reforma da Previdência: Trabalhar Mais Tempo Não", palavra de ordem que tem vindo a ser exibida em eventos idênticos desde 19 deste mês.
Os vários sindicatos receberam hoje uma multidão maior do que a manifestação realizada no primeiro dia de mobilização, a 19 de janeiro, que reuniu mais de um milhão de pessoas, segundo as autoridades, e mais de dois milhões, segundo os organizadores (entre 80 mil e 400 mil na capital, Paris).
"Ainda há mais gente do que da última vez", disse Laurent Berger (CFDT), em sintonia com Philippe Martinez (CGT), garantindo um número maior do que registado a 19 deste mês.
"É uma barragem" contra o adiamento da idade da reforma dos 62 para os 64 anos, explicou Frédéric Souillot (FO), prevendo que "o ritmo das mobilizações vai acelerar".
Uma palavra de ordem destaca-se nos cartazes -- "Não Vamos Recuar" -, onde também voltaram as críticas a uma medida que desfavorece as mulheres - 22% a menos de salário e parece que estamos a chorar à toa".
"É encorajador, significa que o movimento está a criar raízes", disse François Hommeril (CFE-CGC), enquanto Pascale Coton (CFTC) vê na marcha de protesto a prova "de que as explicações dadas sobre a reforma injusta foram ouvidas".
Várias figuras políticas de esquerda também estiveram presentes, incluindo o comunista Fabien Roussel, os membros do partido França Insubmissa (oposição radical de esquerda) François Ruffin e Clémentine Autain, os socialistas Olivier Faure e Anne Hidalgo, ou os ecologistas Yannick Jadot, Marine Tondelier e Sandrine Rousseau.
O primeiro dia de greve geral e manifestações, que uniu os principais sindicatos franceses, no dia 19, registou uma mobilização massiva, com entre um a dois milhões de pessoas a saírem às ruas para protestar contra o projeto de reforma das pensões do Governo de Emmanuel Macron que visa, em particular, aumentar a idade mínima de aposentação dos 62 anos para os 64.
Todos os sindicatos franceses coincidem na oposição à reforma das pensões e sobretudo contra o aumento da idade mínima de reforma, ideia a que também se opõe cerca de dois terços da população francesa, segundo as sondagens das últimas semanas.