O tempo e a física são os maiores inimigos das autoridades responsáveis por encontrar o Titan. Depois de serem detetados sons subaquáticos, as equipas intensificaram os trabalhos, mas, mesmo que o submersível seja descoberto nas profundezas do Atlântico, segue-se o desafio de o fazer emergir.
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As autoridades dos EUA e do Canadá, auxiliadas por meios enviados por outros países, como é o caso de França, Reino Unido e Noruega, trabalham freneticamente naquele que é o sprint final para encontrar os cinco passageiros do Titan com vida. De acordo com a estimativa apresentada pela OceanGate, empresa que produziu o submersível, o oxigénio presente no interior do veículo deverá esgotar-se por volta das 12 horas em Portugal Continental.
A esperança de um desfecho feliz foi exponenciada na quarta-feira, quando um navio militar canadiano captou sons subaquáticos que se iam repetindo a cada 30 minutos. Não se sabe se os barulhos são provenientes do submersível, ainda assim, neste momento, estes são os únicos sinais que as equipas têm para se guiar.
A cada hora que passa vão surgindo eventuais novos cenários para o que poderá ter acontecido ao Titan, que realizava uma expedição aos destroços do Titanic, mas uma coisa é certa: mais difícil do que perceber onde se encontra a embarcação, será trazê-la de volta à superfície em tempo útil.
Espera-se "um milagre"
David Gallo, um oceanógrafo britânico reconhecido em todo o Mundo pelo trabalho que tem vindo a realizar ao longo dos últimos anos, explicou, em declarações à televisão ITV, que é "necessário um milagre" para encontrar os cinco homens a bordo do Titan.
O especialista referiu ainda que, caso os robôs enviados para o fundo do oceano localizem o veículo, o mais difícil será "trazê-lo à superfície" - um processo que, segundo Gallo, "irá demorar várias horas", o que, consequentemente, comprometeria a probabilidade de sobrevivência dos passageiros.
Também Rob Larter, geofísico marinho do British Antarctic Survey, esclareceu, durante um briefing do Science Media Centre, na manhã de quinta-feira, que, como não se conhecem as condições em que está o submersível, será difícil calcular quantas horas poderá demorar a operação de resgate.
"Num cenário operacional normal, penso que demora cerca de duas horas para trazer o veículo à tona", tendo em conta o Titan deverá estar perto dos quatro mil metros de profundidade, já que quando perdeu a comunicação com o navio-base estaria muito perto de chegar ao local onde se encontram os destroços do Titanic.
Na melhor das hipóteses, o Titan pode ter emergido, por razões ainda desconhecidas, e já se encontrar à superfície. No entanto, não é certo que os cinco exploradores se encontrem vivos. O aprovisionamento real de oxigénio na embarcação depende em grande parte de uma série de fatores, como a taxa de respiração dos passageiros a bordo, o nível de atividade e se estes permanecem calmos.
Robô francês como último recurso
O robô francês, de nome Victor, é autónomo e tem a vantagem de conseguir mergulhar mais fundo do que os outros equipamentos até agora usados nas buscas no Atlântico.
O aparelho, que deverá entrar na água por volta das 13 horas (em Portugal continental), tem braços que podem ser controlados remotamente para cortar cabos ou realizar outras manobras de modo a libertar uma embarcação presa, detalhou Olivier Lefort, diretor de operações navais do Ifremer, o instituto de pesquisa oceânica de França.
“O Victor não é capaz de erguer o submarino sozinho”, explicou Lefort, ao especificar que, no entanto, o robô pode ser essencial para ligar o Titan a um navio com capacidade para trazê-lo de volta até à superfície.
Ainda assim, estima-se que o aparelho deverá demorar três horas a chegar ao fundo do mar.