As autoridades da Faixa de Gaza denunciaram, esta terça-feira, o assassínio de mais um jornalista local nos ataques israelitas ao enclave, elevando para 248 o número de repórteres e profissionais de comunicação social mortos durante a guerra.
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"O número de jornalistas martirizados aumentou para 248, desde o início da guerra genocida contra a Faixa de Gaza, após o anúncio do martírio do jornalista Rasmi Jihad Salem, que trabalhava como fotojornalista para a Al-Manara Media Company", indicou o Governo de Gaza num comunicado.
Segundo a comunicação social palestiniana, Salem foi hoje morto num bombardeamento à cidade de Gaza, onde as tropas israelitas intensificaram os ataques, após anunciarem o início da operação de ocupação.
As autoridades do movimento islamita palestiniano Hamas pediram, numa mensagem à comunidade internacional e à comunicação social de todo o mundo, para "condenar os crimes da ocupação, dissuadi-la, processá-la nos tribunais internacionais pelos seus crimes e levar os criminosos à justiça".
Na segunda-feira, centenas de órgãos de comunicação social de todo o mundo, incluindo a agência Lusa e o jornal Público, juntaram-se a um protesto convocado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em solidariedade com os jornalistas palestinianos assassinados por Israel em Gaza, onde o Exército controla os acessos e não permite a entrada da imprensa internacional.
A mobilização foi promovida pela RSF e pela Avaaz (rede para ação social global através da Internet) para exigir "a proteção dos jornalistas palestinianos em Gaza, a retirada urgente do território daqueles que assim o desejarem, o fim da impunidade dos crimes de Israel contra repórteres e o acesso independente da imprensa internacional à Faixa de Gaza".
O protesto refletiu-se em capas de jornais total ou parcialmente negras, faixas nos meios digitais e mensagens áudio ou vídeo transmitidas pela rádio e televisão.
Segundo o "site" da RSF, 220 jornalistas foram mortos pelo Exército israelita na Faixa de Gaza em quase 23 meses.
Só na noite de 10 para 11 de agosto, as forças israelitas mataram seis jornalistas num ataque "direcionado e reivindicado" contra o correspondente da Al-Jazeera no enclave, Anas al-Sharif.
Israel declarou a 7 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1200 pessoas e sequestrando 251.
A guerra fez, até agora, 63.633 mortos, na maioria civis, e pelo menos 160.914 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 2.306 e ferido pelo menos 16.929.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.