Um militante de um partido de esquerda morreu, esta terça-feira, asfixiado por gás lacrimogéneo disparado pela polícia egípcia junto à embaixada norte-americana no Cairo, e quando decorria um amplo protesto contra as últimas decisões do presidente do Egito.
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Fatih Ghalib, 56 anos, morreu asfixiado quando se encontrava na tenda que o seu partido, a Aliança Popular, ergueu num local muito próximo da praça Tahrir, no centro do Cairo.
A morte de Ghalib eleva para três o número de apoiantes e opositores do presidente Mohamed Morsi mortos em distúrbios nos últimos dias no Egito.
Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se, este terça-feira, na emblemática praça Tahrir para protestar contra a iniciativa de Mohamed Morsi, anunciada na quinta-feira, de reforçar os seus próprios poderes.
A manifestação desta terça-feira foi a maior mobilização hostil ao presidente egípcio desde a sua eleição em junho.
Os protestos, que também decorreram em outras cidades do país, seguem-se à determinação de Morsi em assumir a prerrogativa de adotar as medidas que considere necessárias "para a defesa da revolução", uma formulação vaga que para os seus opositores pode perspetivar uma deriva ditatorial.
Perante a vaga de contestação, o chefe de Estado repetiu no domingo que os seus poderes excecionais são "temporários" e vão terminar com a adoção da nova Constituição, que deve ser redigida até meados de fevereiro e submetida a referendo, antes da eleição de uma Assembleia.
Os apoiantes de Morsi consideram que estes poderes vão permitir a concretização de reformas políticas, sociais e económicas indispensáveis para cumprir as promessas feitas durante a revolta popular de dezembro de 2010 e janeiro de 2011 que derrubou o ex-presidente autocrático Hosni Mubarak, e acelerar um processo de transição considerado "longo e caótico".