Países do Médio Oriente e Europa foram palco de marchas de solidariedade com os palestinianos após o movimento islâmico convocar o “Dia da Raiva”.
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Não foi apenas no Médio Oriente que, esta sexta-feira, se fizeram ouvir vozes de apoio à causa palestiniana. Também na Europa, com foco em França, os manifestantes saíram às ruas, em resposta ao apelo de Khaled Meshaal, ex-líder do Hamas, que pediu aos muçulmanos e apoiantes da Palestina para protestarem contra Israel. O “Dia da Raiva” teve expressão em várias cidades, enquanto milhares de pessoas fugiam da zona Norte da Faixa de Gaza.
A convocação fez soar os alertas em Israel, levando o Conselho de Segurança Nacional e o Ministério dos Negócios Estrangeiros a recomendarem, numa declaração conjunta, que “todos os israelitas no estrangeiro” se mantivessem vigilantes. O receio de uma eventual escalada da violência fez com que, na mesquita de Al-Aqsa (lugar sagrado para muçulmanos e judeus), em Jerusalém, a Polícia israelita apenas permitisse a entrada a idosos e crianças para orações. As autoridades acabaram por expulsar um grupo de palestinianos da Cidade Velha, porém, foi ao redor do Mundo que os protestos ganharam fôlego.
Bandeiras queimadas
“Não à ocupação! Não aos Estados Unidos!”, gritavam os milhares de manifestantes que se juntaram ontem na praça Tahrir, em Bagdade, no Iraque. Nas redes sociais, circulam imagens dos protestos, nos quais os apoiantes da Palestina são vistos a exibir bandeiras israelitas com cruzes vermelhas a cobrir a Estrela de David, que acabaram por ser queimadas entre aplausos.
Na Jordânia, apesar de o Governo ter proibido as manifestações de apoio à Palestina devido a questões de segurança, a população ignorou as ordens. Homens, mulheres e crianças pintaram Amã de vermelho, preto, branco e verde ao erguerem inúmeras bandeiras nacionais e da Palestina, mostrando-se contra os recentes ataques das forças israelitas. O cenário replicou-se em nações como o Irão, Líbano, Turquia, Iémen, Síria e Bahrein.
No Paquistão, os partidos políticos e religiosos organizaram dezenas de pequenas manifestações nas cidades de Carachi, Lahore, Peshawar e Islamabad, onde foram queimadas bandeiras dos EUA e de Israel. “Saímos às ruas para mostrar aos nossos governantes que não precisam de ter medo dos EUA e que o povo quer que estejam do lado da Palestina e não de Israel e da América”, referiu à AFP Tahira Khan, uma designer de 50 anos que marcou presença num dos protestos.
Pela Europa, a onda de solidariedade com os palestinianos também foi notória. Mesmo depois de, anteontem, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, ter proibido os protestos em França (que alberga milhões de muçulmanos e regista cerca de 442 mil residentes judeus), o coração de Paris encheu-se de milhares de apoiantes que entoaram frases como "Free Palestine" (Palestina Livre, em português). Contudo, a marcha contra Israel, que começou de forma pacífica, acabou em confrontos com a Polícia, que dispersou a multidão com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água.
No Reino Unido, o Executivo de Rishi Sunak exigiu o reforço do dispositivo policial nas sinagogas e em Sydney, na Austrália, os manifestantes acabaram por cancelar uma marcha depois de as autoridades do país alertarem que os protestos iam ser avaliados como não autorizados.