Vários dos 440 corpos enterrados numa floresta fora da cidade ucraniana de Izium, reconquistada pelas forças de Zelensky na semana passada, tinham as mãos atadas e cordas à volta do pescoço. A Rússia é acusada de ser responsável por mais um ataque desumano contra os ucranianos e a ONU espera conseguir fazer uma investigação independente para possíveis crimes de guerra "em breve".
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O chefe da polícia ucraniana, Ihor Klymenko, disse em conferência de imprensa que todos os corpos recuperados até agora pareciam ser de civis, embora haja rumores de que algumas das vítimas possam também ser soldados. Uma jornalista da France-Presse no local confirma que pelo menos um dos corpos encontrados apresentava sinais de tortura, tendo as mãos atadas. Já a Reuters avança com a existência de vários casos semelhantes, sem precisar um número concreto.
As autoridades ucranianas revelaram, na quinta-feira, que tinham descoberto um local de enterro em massa na cidade reconquista de Izium, com 440 sepulturas. "A Rússia causa apenas morte e sofrimento. Assassinos. Torturadores", disse Volodymyr Zelensky, esta sexta-feira, numa declaração aos meios de comunicação social, acrescentando que havia crianças entre as vítimas. "Durante meses, o terror desenfreado, a violência, a tortura e assassínios em massa estiveram nos territórios ocupados", afirmou o conselheiro presidencial Mykhailo Podolyak, no Twitter.
A Rússia nega que as suas tropas tenham cometido tais atrocidades e, numa tentativa de desviar atenções, acusa as forças ucranianas de serem elas as responsáveis pelos assassinatos de Izium.
Todos os corpos vão ser exumados e levados para análises forenses, num esforço que irá juntar a polícia, procuradores e outras autoridades, que investigarão possíveis crimes de guerra por parte da Rússia. Também o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU informou que vai enviar "em breve" uma equipa de investigadores para a cidade ucraniana. "Os nossos colegas na Ucrânia, da Missão de Monitorização de Direitos Humanos na Ucrânia, estão a verificar essas alegações e pretendem organizar uma deslocação a Izium para determinar as circunstâncias da morte dessas pessoas", disse Elizabet Throssell, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, em Genebra.
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Izium estava, na semana passada e de acordo com a agência francesa de notícias AFP, devastada pelos combates, com casas e edifícios públicos destruídos e restos de veículos blindados espalhados pelas estradas. A cidade esteve sob domínio russo desde o início da guerra e foi reconquistada a 10 de setembro pelo exército de Zelensky.