Mariano Rajoy vai tornar públicas todas as suas declarações de rendimentos e património
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou, este sábado, que vai tornar públicas todas as suas declarações de rendimento e património para demonstrar que não tem "nada a esconder" e que "nunca" recebeu dinheiro "negro".
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"É falso. Nunca recebi nem distribui dinheiro negro neste partido ou em qualquer lado. É falso. Tudo o que se disse e o que se pode insinuar é falso. E digo-o com toda a serenidade", afirmou hoje Mariano Rajoy.
"Não tenho nada a esconder. Não temo a verdade", afirmou.
Rajoy falava depois de uma reunião extraordinária da direção do PP, convocada depois de notícias de alegados pagamentos não declarados (conhecidos como "em negro" em Espanha) a dirigentes do partido, incluindo o próprio presidente, Mariano Rajoy.
"Vocês sabem que não vim para a política nem para ganhar dinheiro, nem para enganar a Fazenda. Não vim para a política ganhar dinheiro, vim perder dinheiro. Ganhava mais na minha profissão que na política", disse.
Na sua intervenção Rajoy comprometeu "todo o partido à máxima transparência, a facilitar tudo o que seja necessário para que se clarifique a verdade e a mostrar tudo para que não fique sobre esta questão a menor sombra de dúvida".
"Transparência total do que me afeta e no que afeta ao partido e aos seus dirigentes. E refiro-me às declarações de rendimento, património e quanta informação seja relevante. Por isso, na próxima semana as minhas declarações de rendimentos e património estarão à disposição de todos os cidadãos na página da Moncloa [Governo]" afirmou.
Rajoy reagia à polémica publicação pelo jornal El Pais do que o jornal identifica como "os papéis secretos de (Luis) Bárcenas", o ex-tesoureiro do Partido Popular (PP), que, alegadamente, demonstram pagamentos aos principais dirigentes do partido entre 1990 e 2009.
Os documentos, obtidos pelo jornal e que terão sido preparados por Barcenas e pelo seu antecessor, Álvaro Lapuerta, incluem também referências manuscritas a doações ao partido de alguns dos principais empresários espanhóis, nomeadamente do setor da construção.
Nesses documentos estão referidos os nomes do atual presidente do partido (e chefe do Governo espanhol), Mariano Rajoy, da secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, e de outros importantes elementos da cúpula do PP.
O PP já tinha reagido em comunicado, negando que exista "contabilidade oculta" e insistindo que "as retribuições aos cargos e funcionários do partido sempre se realizaram de acordo com a legalidade e cumprindo as obrigações tributárias".
Os documentos publicados pelo El Pais surgiram na sequência da revelação, na semana passada, de que Luis Barcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça.
As notícias sobre as contas de Barcenas desencadearam uma intensa polémica com alguma imprensa a revelar alegações de que no tempo em que Barcenas era tesoureiro - até 2009 - alguns dirigentes do partido recebiam dinheiro, em envelopes e não declarado, como 'suplemento' aos seus salários.
Essa informação sobre uma contabilidade paralela do partido foi já repetidamente desmentida pelos principais líderes do PP.
Comentando esse caso, Rajoy disse que a existência dessa conta "não tem nada que ver com o PP" mas foi "atribuída intencionalmente ao PP".
"O PP não tem, nem nunca teve contas num país estrangeiro e nunca deu ordens de abrir contas num país estrangeiro. Não temos portanto nada que ver. Não tenho a menor dúvida que a justiça confirmará isto e que os tribunais e a agência tributaria farão que se cumpra a lei", disse.
"Depois apareceu a história dos envelopes que supostamente corriam pelos corredores desta casa. Tudo suposto. Agora as infâmias disfarçam-se como alegações", disse.
Afirmando que se criou um "escândalo que afeta a membros muito significativos do partido", Rajoy escusou especular sobre "quais são as intenções, quem manipula os dados e que os filtra de forma dosificada" à imprensa.
"Neste partido não se pagam quantidades que não tenham sido registadas na contabilidade do partido ou que sejam opacas. Não é verdade que tenhamos recebido dinheiro em moeda ocultada ao fisco", afirmou.