A primeira-ministra britânica, Theresa May, advertiu esta sexta-feira o Parlamento de que "são graves" as consequências de ter chumbado pela terceira vez o acordo por ela negociado com Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit).
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"Lamento profundamente que esta moção tenha sido rejeitada. As implicações desta votação são graves", declarou a líder conservadora, sublinhando que agora os cenários possíveis são ou um 'Brexit' sem acordo a 12 de abril ou a apresentação até essa data de novas propostas a Bruxelas e o pedido de um adiamento mais longo.
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A chefe do executivo conservador avisou ainda de que, com este resultado, é "quase certo" que o Reino Unido terá que participar nas eleições europeias do próximo mês de maio.
O Parlamento britânico chumbou hoje pela terceira vez o acordo de saída da UE, com 286 votos a favor e 344 contra -- uma diferença de apenas 58 votos -, afastando assim o adiamento da data do divórcio para 22 de maio, com um período de transição até 31 de dezembro de 2020, extensão com a qual a UE disse que só concordaria caso o acordo fosse aprovado esta semana.
Após a votação, May admitiu que o facto de não ter conseguido concretizar o 'Brexit' hoje - 29 de março, a data original de saída - "profundo pesar pessoal".
A votação de hoje do acordo de saída, feita sem a declaração política que o acompanha, foi a única forma aceite pelo líder da Câmara dos Comuns, John Bercow, de submeter a votos pela terceira vez na mesma legislatura o mesmo texto, depois de chumbado duas vezes pela Câmara dos Comuns, em janeiro e março deste ano.
De qualquer forma, mesmo que o texto tivesse sido hoje aprovado, a decisão do Parlamento não seria vinculativa, por não incidir sobre a totalidade do documento, cujas duas partes Theresa May sempre disse serem inseparáveis.
O acordo de saída negociado durante 17 meses entre o Governo britânico e Bruxelas e concluído em novembro do ano passado, inclui, além do valor do divórcio (39 mil milhões de libras), a cláusula sobre o 'backstop' (o mecanismo de salvaguarda para evitar uma fronteira fixa entre as duas Irlandas) - que fez com que o Partido Unionista Democrata (DUP) norte-irlandês, antigo parceiro de coligação de May, votasse contra -, e as garantias relativas aos direitos dos cidadãos britânicos nos 27 Estados membros da UE e dos cidadãos europeus no Reino Unido.
O próximo capítulo da saga 'Brexit' será na segunda-feira, devendo os deputados britânicos tentar chegar a acordo sobre uma alternativa ao plano de Theresa May, depois de na quarta-feira não terem sido capazes de reunir uma maioria em torno de qualquer dos oito cenários propostos a votação.
O Governo britânico tem agora até 12 de abril para propor um plano B aos dirigentes da UE e, caso não o faça, o Reino Unido abandonará o bloco europeu sem acordo e sem transição, um cenário de pesadelo para os círculos económicos.