O MDM, terceiro maior partido moçambicano, acusou os órgãos eleitorais de impedirem a presença dos delegados do partido nas assembleias de voto, considerando que a alegada obstrução poderá minar a credibilidade da votação.
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"A ausência dos nossos representantes nas mesas de voto prevalece, porque os órgãos eleitorais não passaram as credenciais. Os órgãos eleitorais de base receberam instruções dos órgãos centrais para não permitir a presença dos nossos delegados", disse à Lusa, o porta-voz do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Sande Carmona.
Carmona não disse em quantas mesas de voto o MDM não está representado, sublinhando que "a situação prevalece em vários pontos do país" e que o partido tem delegados "numa e noutra mesa".
Na sexta-feira, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, também manifestou preocupação com atrasos na emissão de credenciais para os seus representantes nas mesas.
O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), órgão operativo dos processos eleitorais moçambicanos, montou 17199 mesas para os cerca de 10.9 milhões de eleitores inscritos.
O porta-voz do MDM também se mostrou preocupado com o atraso de algumas mesas de voto na cidade da Beira, centro de Moçambique e praça-forte do partido, considerando que a situação poderá impedir centenas de eleitores de votar.
Quatro mesas não abriram
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), órgão que supervisiona as eleições, Paulo Cuinica, negou qualquer "instrução" para impedir a presença dos representantes dos partidos políticos da oposição na votação, imputando a situação ao atraso dos partidos no envio dos nomes dos seus delegados.
"As listas dos delegados dos partidos políticos deviam ter sido enviados ao STAE 20 dias antes da votação, mas acontece que até ontem [terça-feira] a maioria dos nomes ainda não tinha sido enviada", afirmou Cuinica.
O porta-voz da CNE disse que os órgãos eleitorais estão a empreender diligências para que os delegados dos partidos em falta preencham os seus lugares até ao fim da votação e estejam na contagem de votos feita na mesa.
Sobre o atraso do processo na Beira, Paulo Cuinica confirmou que quatro mesas de voto não abriram no Bairro da Cerâmica, na Beira, devido à ausência dos seus membros.
"Os membros das mesas ausentes serão substituídos pelos suplentes e caso estes não estejam presentes, serão substituídos por eleitores, porque a legislação eleitoral prevê essa situação", declarou Paulo Cuinica.
Considerando que a votação está a decorrer bem, o porta-voz da CNE adiantou que algumas mesas não abriram a tempo também na província de Niassa, norte do país, mas estavam a ser feitas diligências para a resolução do problema.
Mais de dez milhões de moçambicanos escolhem um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.
No escrutínio, concorrem três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos políticos.