
Aparato mediático à porta do tribunal onde vai ser conhecida a decisão sobre o recurso de Amanda Knox
FILIPPO MONTEFORTE/AFP
A família de Meredith Kercher, a britânica que foi morta em 2007 em Perugia (Itália), lamentou , esta segunda-feira, que a estudante tenha sido "esquecida" ao longo da campanha mediática que tentou inocentar a norte-americana Amanda Knox, acusada de homicídio.
"Mez [como era conhecida pelos familiares] tem sido esquecida em tudo isto. É difícil manter viva a sua recordação. Estamos aqui para conseguir a verdade e justiça", afirmou Stephanie Kercher, irmã de Meredith, durante uma conferência de imprensa, realizada no último dia do julgamento de recurso de Amanda Knox e a poucas horas da leitura da sentença, prevista para hoje.
Knox foi condenada em Dezembro de 2009, na primeira instância, a 26 anos de prisão pelo homicídio de Meredith.
Na mesma altura, o ex-namorado da jovem norte-americana, o italiano Raffaele Sollecito, 27 anos, foi igualmente condenado a 25 anos de prisão.
Segundo o julgamento de primeira instância, Knox e Sollecito deram o golpe fatal que matou Kercher, enquanto Rudi Guede, um filho de imigrantes costa-marfinenses que cumpre 16 anos de prisão num outro processo separado, lhe segurava os braços porque a britânica se recusava participar em jogos sexuais. Todos estavam sob o efeito de drogas e álcool.
Após a condenação em 2009, tanto Knox e Sollecito como o Ministério Público italiano decidiram recorrer da sentença, com a acusação a pedir prisão perpétua para a estudante norte-americana.
O tribunal de recurso irá, esta segunda-feira, determinar se decide inverter o veredicto inicial, o que poderá significar a libertação de Knox.
Na mesma conferência de imprensa, o irmão de Meredith criticou a atenção obsessiva dos meios de comunicação social, que tendem a beneficiar a estudante norte-americana.
"É difícil para a nossa equipa legal, que luta contra o que é essencialmente uma grande máquina de relações públicas", denunciou Lyle.
Também presente no encontro com a imprensa, Arline, mãe de Meredith, sublinhou que, ao contrário do que Amanda Knox afirmou, as duas estudantes não eram realmente amigas uma vez que frequentavam "círculos diferentes".
A norte-americana e o ex-namorado Raffaele Sollecito clamaram hoje inocência no último dia do julgamento de recurso.
"Pago por um crime que não cometi", declarou Knox em lágrimas durante a última declaração antes de o júri se reunir para deliberar.
Amanda Knox afirmou que as acusações do Ministério Público eram "completamente injustas e sem fundamento", referindo-se ao retrato feito pelo procurador, que a descreveu como tendo "dupla personalidade" por vezes com "cara de anjo" e outras "demoníaca" e com "comportamentos extremos".
Os oito membros do júri -- dois magistrados e seis jurados populares incluindo cinco mulheres -- do Tribunal de recurso vão deliberar em "câmara de conselho" e só sairão quando tiverem chegado a um acordo.
O presidente do tribunal, que faz parte do júri, indicou que a sentença não será pronunciada antes das 20 horas locais (19 horas em Portugal) e já pediu "respeito e silêncio" no momento em for pronunciado o veredicto.
Kercher, estudante de Leeds de 21 anos, foi encontrada seminua numa poça de sangue, com o corpo atingido por 43 golpes. A autópsia demonstrou que também foi violada.
