O Governo alemão continua a apostar numa solução política para a crise ucraniana, admitindo, porém, que a União Europeia discutirá eventuais sanções contra Moscovo, caso não seja alcançado um acordo para a criação de um "grupo de contacto internacional".
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O porta-voz do executivo alemão, Steffen Seibert, reiterou, em conferência de imprensa, que tanto a chanceler alemã, Angela Merkel, como o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, que estará hoje em Paris para analisar a crise na Ucrânia, estão empenhados em encontrar uma solução pacífica e negociada para a atual situação.
Steffen Seibert insistiu que a Alemanha quer evitar possíveis sanções contra Moscovo, indicando, no entanto, que tal cenário irá depender das conversações com a Rússia, que hoje decorreram na capital francesa, sobre a criação de um "grupo de contacto internacional" para gerir a crise ucraniana.
Caso não seja alcançado esse objetivo, assumiu o porta-voz alemão, as sanções estarão na agenda da reunião extraordinária dos chefes de Estado e do Governo dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE), prevista para quinta-feira em Bruxelas.
Vários ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão reunir-se hoje à tarde em Paris, encontro que contará com a presença do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
Ainda em declarações aos jornalistas, Steffen Seibert pediu a Moscovo para renunciar a todas as ações que possam desestabilizar a Ucrânia, numa altura em que as forças russas assumiram o controlo parcial de duas bases de lançamento de mísseis na república autónoma ucraniana da Crimeia.
"A Rússia deve abandonar qualquer ação que possa conduzir a uma desestabilização da Ucrânia", declarou o porta-voz, recordando ainda que a Alemanha exigiu respeito pela integridade territorial desta antiga república soviética.
"É essencial que todas as partes atuem com moderação. A condição para um processo diplomático é que tudo seja feito para a estabilidade da Ucrânia, renunciando a tudo que possa levar à desestabilização", acrescentou.
"O Governo alemão continua a considerar inquietante a situação na Ucrânia. Na Crimeia, por causa do comportamento da Rússia, ocorreram um conjunto de factos inaceitáveis e em contradição com os tratados internacionais", reforçou o porta-voz do executivo de Berlim.
Após três meses de crise política que levou à destituição do Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, o posterior controlo de posições na Crimeia, sul da Ucrânia, pelas forças russas está a provocar sérias tensões internacionais.
A Crimeia era considerada pela União Soviética como parte da Rússia, mas foi anexada à Ucrânia em 1954 e continua a albergar a frota naval russa do Mar Negro na cidade portuária de Sebastopol.