A Europa deve abrir vias legais para os refugiados sírios se quiser realmente acabar com o tráfico de pessoas e a imigração ilegal, sublinhou a chanceler alemã Angela Merkel.
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"Se queremos por fim à imigração ilegal, devemos estar dispostos a acolher de forma legal uma certa quantidade de imigração, especialmente dos refugiados sírios", disse a chanceler alemã Angela Merkel numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, em Ancara, Turquia.
"Se travarmos o fluxo ilegal, devemos encontrar um sistema de quotas para partilhar os encargos", insistiu a chanceler alemã.
"Queremos dividir a tarefa. Em primeiro lugar, ajudar a Turquia com financiamento, mas isso não significa que a Turquia tenha de ficar com todos os refugiados. Também alguns refugiados sírios devem ir para a Europa, mas não ilegalmente, fazendo os traficantes ganhar dinheiro por uma via perigosa, na qual já se afogaram quase 300 pessoas só em janeiro", disse Merkel.
A chanceler alemã disse que esse processo dever ser feito por "via legal" e deve haver "organização" entre os países envolvidos.
Sublinhou ainda que para muitos sírios é importante permanecer perto do seu país, assim deve-se gastar os três mil milhões de euros que a União Europeia entregará a Turquia para atender esses refugiados.
Merkel insistiu que se trata de uma tarefa urgente. "Uma criança que quer ir à escola na (província turca de) Killis, não quer ir a essa escola daqui a dois anos, quer agora", exemplificou.
Por isso, pediu para se entregar os três mil milhões de euros de forma rápida e sem burocracias. "Mas não podemos esperar da Turquia que trave todo (o fluxo de refugiados) e decidir sobre os contingentes (de refugiados) dentro de meio ano. Isso não pode acontecer. Deve ser conjuntamente", sublinhou a chanceler alemã.
"Sei que alguns estão fartos de escutar a palavra 'contingentes', mas hoje demos um grande passo à frente e podemos dizer que a Turquia que temos uma responsabilidade compartilhada", declarou.
A chanceler alemã apontou que na sua reunião com Davutoglu havia esboçado a composição de um grupo que projetará o trabalho compartilhado.