O México deteve, na sexta-feira, um ex-procurador-geral que liderou uma investigação controversa sobre o desaparecimento de 43 estudantes em 2014 - uma das piores tragédias de direitos humanos do país.
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O ex-procurador-geral Jesus Murillo Karam é a figura mais importante detida até agora em ligação com o caso, que chocou a nação e gerou condenação internacional. É considerado o arquiteto da chamada "verdade histórica" dos acontecimentos apresentada em 2015 pelo governo do então presidente Enrique Pena Nieto que foi amplamente rejeitada, incluindo por familiares.
Murillo Karam foi detido pelos crimes de desaparecimento forçado, tortura e perversão da justiça, disse o gabinete do procurador-geral.
Também foram emitidos mandados de prisão para 20 militares, cinco funcionários administrativos e judiciais, 44 polícias e 14 membros do cartel Guerreros Unidos, anunciaram os procuradores. São acusados de envolvimento em crime organizado, desaparecimento forçado, tortura, homicídio e obstrução da Justiça.
Em 2014, os estudantes tinham alugado um autocarro no estado sulista de Guerrero para viajar para uma manifestação na Cidade do México antes de desaparecerem. Os investigadores dizem que foram detidos por polícias corruptos e entregues ao cartel de drogas Guerreros Unidos, que os confundiu com membros de um gangue rival. De acordo com o relatório oficial apresentado em 2015, membros do cartel mataram os estudantes e deixaram os seus restos mortais num depósito de lixo. Essas conclusões foram rejeitadas por especialistas independentes e pelo escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, bem como pelas famílias.