Michael Spavor privava com Kim Jong-un e agora está preso por espionagem na China
Reunia-se com Kim Jong-un e organizou as visitas a Pyongyang da antiga estrela da NBA Dennis Rodman. O canadiano Michael Spavor, condenado a 11 anos de prisão na China por espionagem nesta quarta-feira, é um especialista em Coreia do Norte e apaixonado pelo país.
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Spavor é um dos poucos ocidentais com contacto próximo com a alta cúpula do poder norte-coreano, tendo atuado como intermediário entre as autoridades do país e empresários, organizações e turistas estrangeiros, durante uma década. Por exemplo, Michael Spavor organizou as visitas de Dennis Rodman à Coreia do Norte, nas quais a ex-estrela dos Chicago Bulls estabeleceu uma amizade surpreendente com o líder do país, Kim Jong-un.
Tudo isso foi possível graças à proximidade entre Spavor e o dirigente norte-coreano, que surgem juntos em inúmeras fotos, sorridentes, enquanto apertam as mãos ou partilham cigarros e bebidas a bordo de um navio.
Nascido em Calgary, na província de Alberta (oeste do Canadá), Spavor apaixonou-se pela Coreia do Norte durante uma viagem a Seul, na Coreia do Sul, no final dos anos 1990. Anos depois, em 2005, passou vários meses na capital norte-coreana a trabalhar para uma associação canadiana. Desde então e até à sua prisão no final de 2018, não parou de visitar Pyongyang.
Michael Spavor tinha como base principal de trabalho a cidade chinesa de Dandong, onde foi julgado em meados de março. A cidade está localizada na fronteira com a Coreia do Norte e é o principal ponto de passagem entre os dois países.
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É diretor do "Paektu Cultural Exchange", que é descrito na sua página de Facebook como "uma organização não governamental internacional que facilita os intercâmbios desportivos, culturais, turísticos e comerciais" com a Coreia do Norte. "Paektu" é o nome da maior montanha da Coreia do Norte, onde Kim Jong Il, o pai do atual governante, terá nascido.
Spavor, que é fluente em coreano, era intermediário para empresas estrangeiras que desejavam estabelecer-se em Pyongyang. A sua atuação foi especialmente útil, já que a Coreia do Norte está sujeita a várias sanções internacionais devido ao programa nuclear.
Graças às reformas económicas adotadas há alguns anos, destacou Michael Spavor numa entrevista à AFP, existia um crescente interesse de empresas estrangeiras pelo país. "A nossa organização desperta muito interesse em investidores que precisam de pesquisas de mercado e entrevistas diretas com ministérios e parceiros potenciais na Coreia do Norte", explicou em 2018.