Dezenas de milhares de iranianos provenientes de vários países europeus manifestaram-se este sábado para exigir uma mudança de regime no Irão, com o apoio da resistência organizada do próprio país, noticiou a agência espanhola EFE.
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"A sociedade iraniana encontra-se num estado volátil, e a única solução é a terceira opção, nem o apaziguamento nem a guerra, mas a mudança de regime por parte do povo e a sua resistência organizada", defendeu a presidente do Conselho Nacional de Resistência do Irão, que representa a oposição iraniana no exílio, Maryam Radjavi, dirigindo-se aos manifestantes.
Os manifestantes, reunidos na emblemática praça do Atomium, na capital europeia, receberam Radjavi entre gritos de "(Ali) Khamenei assassino" e "vamos lutar, vamos vencer", uma onda de bandeiras iranianas, bem como algumas lágrimas.
Entre as suas exigências estão a inclusão da Guarda Revolucionária iraniana na lista de organizações terroristas, sanções europeias ao regime de Teerão e o estabelecimento de um Irão democrático e laico.
"Permitam-me insistir com o Ocidente: não adiem mais a designação da Guarda Revolucionária como organização terrorista. Não adiem mais a aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra os projetos nucleares do regime. Não adiem mais o reconhecimento das Unidades de Resistência para resistir e enfrentar a Guarda Revolucionária", acrescentou a líder da oposição iraniana.
Além disso, Radjavi afirmou que "dar mais tempo a este regime trará novamente a guerra".
A manifestação, que também comemorou o 60.º aniversário da fundação da resistência iraniana, foi realizada pouco depois de o Reino Unido, a França e a Alemanha terem iniciado o mecanismo de restauração automática das sanções das Nações Unidas (ONU) num prazo de 30 dias contra Teerão devido ao seu programa nuclear.
O grupo europeu ofereceu a Teerão a prorrogação do prazo do processo, que termina em 18 de outubro, se este retomasse a cooperação com a agência nuclear da ONU, suspensa após a guerra de doze dias com Israel em junho, informasse sobre o paradeiro de 400 quilos de urânio enriquecido a 60% e voltasse à mesa de negociações com os Estados Unidos.
Por seu lado, o Irão mantém que o Reino Unido, a Alemanha e a França não têm legitimidade para iniciar o processo de restabelecimento das sanções da ONU, uma vez que não cumpriram as suas obrigações do acordo nuclear de 2015.
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que também discursou perante a multidão em Bruxelas, afirmou que, graças ao ataque dos EUA às instalações nucleares iranianas em junho passado, "o mundo está mais seguro" e "o povo iraniano está hoje mais perto da liberdade do que em qualquer outro momento dos últimos 60 anos".
No entanto, a própria Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e outros especialistas questionaram a extensão dos danos causados pelo ataque e duvidam que o programa nuclear iraniano tenha ficado inutilizado.
Além disso, Pence apelou à imposição de "sanções severas" contra o regime de Teerão que, acrescentou, "não se renderá sem lutar".
O ex-líder do PP e cofundador do Vox Alejo Vidal-Quadras também estava entre os participantes. O político espanhol sofreu uma tentativa de assassinato em 9 de novembro de 2023, que ele mesmo atribui ao regime iraniano.
"O futuro do Irão está diante de nós neste momento", disse Vidal-Quadras aos manifestantes. "Vocês não são uma minoria, não são uma fração, vocês são a voz de milhões de iranianos", acrescentou.