Um soldado ucraniano e um membro das "forças de autodefesa" pró-russas morreu esta terça-feira durante um ataque de homens armados a uma base ucraniana na Crimeia. As mortes foram confirmadas por um porta-voz da Polícia que apontou ainda a existência de dois feridos, também um militar ucraniano e um paramilitar pró-russo.
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Esta versão, divulgada pela Polícia local, difere da que foi descrita pelo porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano na Crimeia, Vladislav Selezniov, segundo o qual morreu um militar e outros dois ficaram feridos no incidente em Simferopol, capital da península.
Vladislav Selezniov confirmou que o oficial morreu na sequência de ferimentos de bala no pescoço e num ombro.
"Todos os militares da base foram detidos e foram-lhes confiscadas as identificações e o dinheiro. Retiraram-nos da base, puseram-nos em fila e desarmaram-nos", disse o porta-voz.
Ainda que não haja confirmação sobre quem terá atacado a base da Crimeia, a Reuters cita fonte militar ucraniana que garante que foi levado a cabo por "forças totalmente equipadas e com as caras tapadas". Terão sido, adianta também um repórter da BBC no local, que cita testemunhas, forças da Crimeia pró-russas, não idenficadas.
O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, afirmou que o conflito na península da Crimeia entrou por isso numa fase militar. Iatseniuk afirmou que os disparos foram feitos por forças russas.
"O conflito passou da fase política para uma fase militar", disse o primeiro-ministro, citado pela agência France Presse.
"Hoje, as tropas russas começaram a disparar sobre os nossos soldados. É um crime de guerra", acrescentou.
Iatseniuk pediu a convocação de uma reunião dos ministros da Defesa da Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido, garantes da integridade territorial da Ucrânia enquanto signatários do tratado de 1994, "para evitar uma escalada".
"Como a Alemanha nazi"
O presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, acusou também o presidente russo, Vladimir Putin, de agir como a Alemanha nazi ao "anexar" a península ucraniana da Crimeia.
"A Rússia está a jogar um jogo sujo ao anexar a Crimeia. A II Guerra Mundial começou com a anexação pela Alemanha nazi dos territórios de outros países. Hoje, Putin está a seguir o exemplo dos fascistas do século XX", disse Turchinov à imprensa em Kiev, citado pela agência France Presse.
A presidência russa anunciou hoje que considera a Crimeia parte da Federação Russa, após a assinatura, em Moscovo, de um tratado bilateral para a integração daquela república autónoma na Rússia.