O presidente russo, Vladimir Putin, proclamou, esta terça-feira, a Crimeia como "parte inalienável" da Rússia. Ao discursar no Kremlin, disse que todos os grupos étnicos serão respeitados e garantiu que as relações com o "povo irmão" da Ucrânia serão sempre muito importantes. Sanções internacionais serão vistas como agressão, que merecerá retaliação de Moscovo.
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O presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "um roubo à Rússia" a entrega da Crimeia à Ucrânia, em 1954, nos tempos da ex-URSS. "Não podemos, então, proteger o nosso povo. Mas a Crimeia é parte inalienável da Rússia".
"Na Crimeia estão os túmulos de soldados russos e a cidade de Sebastopol é a pátria da Frota do Mar Negro", disse, fortemente aplaudido pelos deputados e senadores."Crimeia sempre foi e será" parte da Rússia, acrescentou.
Vladimir Putin discursava horas depois de ter aprovado um projeto de tratado para incorporar a Crimeia na Federação Russa e informado formalmente o parlamento russo do pedido do parlamento da Crimeia para se tornar parte da Rússia, naquele que é o primeiro passo legislativo para a anexação da península, até agora pertencente à Ucrânia.
Na imponente sala S. Jorge, Vladimir Putin garantiu que todos os grupos étnicos da Crimeia serão tratados com igualdade e diz que vão coexistir três línguas no território: russo, ucraniano e tártaro da Crimeia.
O presidente russo considerou que o referendo de domingo, que teve 96,75 de votos favoráveis à integração da Crimeia na Rússia, decorreu de acordo com os procedimentos democráticos e a lei internacional e garantiu quem as relações com o "povo irmão" da Ucrânia são "cruciais" para a Rússia.
Putin reiterou a ideia de que as "auto-proclamadas" autoridades da Ucrânia conduziram um golpe de Estado e vão fazer tudo para manter o poder e fez acusações à comunidade internacional, e aos EUA em particular.
Segundo Vladimir Putin, os países ocidentais "pisaram o risco" na questão da Crimeia e agiram de forma irresponsável e amadora. A política internacional dos EUA é ditada, não pelo direito internacional, mas "pela lei do mais forte", acusou.
Para o presidente russo, as tentativas ocidentais de assustar a Rússia com ameaças de sanções serão vistas como um ato de agressão, a que Moscovo retaliará.
Vladimir Putin agradeceu o apoio à China, na questão da Crimeia, e serenou a comunidade internacional sobre as intenções de Moscovo relativamente a Kiev, sustentando que a Rússia não deseja mais divisões na Ucrânia, numa referência às manifestações em outros pontos do território ucraniano, como Donestk, que também quer um referendo para decidir integração na Rússia.