Um estudo sobre morcegos pode indicar qual é o segredo para uma vida mais longa e saudável para os humanos, uma vez que estes animais conseguem "viver por um período extraordinariamente longo".
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Segundo Emma Teeling, uma investigadora da Universidade de Dublin, na Irlanda, que estuda a longevidade excecional dos morcegos, estes animais vivem mais do que outros de tamanho semelhante e permanecem saudáveis por mais tempo, podendo hospedar um agente que pode provocar uma doença, como o ébola ou o coronavírus, e não ficam doentes.
A investigadora concentra o seu estudo em morcegos de orelhas-de-rato de vida longa, porque estes animais "são únicos, pois a taxa de envelhecimento é muito mais lenta e a sua esperança média de vida é muito mais longa", referiu Emma Teeling, acrescentando que os morcegos "parecem ter desenvolvido mecanismos para conseguirem atrasar o processo de envelhecimento".
Dada a longevidade destes animais, a única maneira de perceber se um morcego está a envelhecer é "olhar para os ossos dos dedos, se as articulações ainda não estiverem fundidas, o animal ainda é um bebé, no caso de já estarem fundidas, trata-se de um morcego adulto", revelou a investigadora, que todos os anos recolhe "um pouco de asa e um pouco de sangue" para analisar "o que mudou à medida que envelhecem, localizando alguns biomarcadores de envelhecimento".
Através da análise ao sangue recolhido, a investigadora olha para as estruturas com sequências repetidas de ADN, que garantem a replicação e a estabilidade, e "no final de cada um dos cromossomas presentes nas células, é visível uma espécie de capas protetoras, como um para-choques de um carro, e de cada vez que as células replicam-se, elas vão ficando cada vez mais curtas".
"As células, ao ficarem mais curtas, deveriam autodestruir-se, mas o que acontece às vezes é que a célula permanece e envelhece, o que potencialmente conduz a um processo de envelhecimento", acrescentou a investigadora, apontando que no caso dos morcegos de orelhas-de-rato, as estruturas com sequências repetidas de ADN "não encurtam com a idade, o que protege o ADN".
Emma Teeling referiu ainda que o seu trabalho passa por sequenciar os genes dos morcegos jovens, de meia-idade e os mais velhos, tendo descoberto que estes animais "aumentam a capacidade de reparar o seu ADN com a idade e reparar os danos que a vida causa. Assim, descobrimos que ao repararem os danos no seu ADN, também são capazes de modular a sua resposta imunológica, mantendo-a equilibrada entre as respostas antivirais e anti-inflamatórias".
A investigadora revelou que "quando olhamos para a covid-19, por exemplo, o que mata alguém é essa resposta imunológica superexcitada, por isso, se encontrássemos o pequeno gene controlador dos morcegos, que regula as respostas antivirais e anti-inflamatórias, poderíamos fazer um medicamento para recriá-lo e administrar nos humanos", de maneira a conseguir que as pessoas tenham uma vida mais longa e saudável.