Morrem mais mulheres durante ou após a gravidez nos Estados Unidos do que em qualquer outro país rico, conclui estudo.
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A taxa da mortalidade materna é maior nos Estados Unidos do que em qualquer outro país com uma economia forte, de acordo com um estudo divulgado na semana passada pelo "Commonwealth Fund", uma fundação privada dos EUA cujo objetivo declarado é "promover um sistema de saúde de alto desempenho que alcance melhor acesso, melhor qualidade e maior eficiência, especialmente para os mais vulneráveis da sociedade".
Segundo o relatório, a escassez de prestadores de cuidados de maternidade, o acesso limitado a visitas domiciliárias após o nascimento do bebé e a falta de licença parental remunerada garantida aumentaram o risco de mortalidade materna, especialmente para mulheres negras. Em 2022, ocorreram cerca de 22 mortes maternas em casa 100 mil nados-vivos, sendo que, entre a população negra, o número aumenta acentuadamente para 49,5 mortes por 100 mil. Duas em cada três mortes de gestantes ocorrem até 42 dias após o nascimento da criança.
Mais de 80% das mortes seriam evitáveis com melhores cuidados de saúde materna e pós-parto, que apenas alguns programas do Estado e seguradoras de saúde privadas cobrem, aponta o estudo da fundação, que, de acordo com o "The Washington Post", realiza investigações independentes sobre questões de saúde.
O estudo comparou 14 países economicamente desenvolvidos, com base em dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que monitoriza as métricas dos sistemas de saúde em 38 países de rendimento elevado, e dos Comités de Revisão da Mortalidade Materna dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças em 36 estados norte-americanos. Dez dos países listados no relatório tiveram uma taxa de mortalidade inferior a 10 por 100 mil nados-vivos (em 2022, a taxa de mortalidade materna na Noruega era zero).
Embora os dados da OCDE sejam considerados o padrão para comparações internacionais, os autores observam que as discrepâncias na forma como os países recolhem dados de saúde podem afetar os resultados.
“Não podemos pensar apenas na saúde reprodutiva na hora da gravidez, porque muita coisa acontece depois de o bebé nascer. Se não apoiarmos as mulheres durante este período crucial, nunca resolveremos este problema”, considera Munira Z. Gunja, principal autora do estudo e investigadora sénior do Commonwealth Fund.
Com 65% das mortes maternas nos EUA a ocorrerem após o nascimento, muitos especialistas em saúde enfatizam a necessidade, não só de mais cuidados pré-natais, mas também de um aumento nos cuidados pós-parto abrangentes. “Queremos que esta seja a norma cultural. Queremos que esta seja uma política federal. Queremos que haja uma grande mudança porque sabemos que podemos minimizar completamente a taxa de mortes maternas neste país”, aponta a co-autora.