Uma mulher mexicana, que foi condenada a 16 anos de prisão depois de sofrer um aborto, foi libertada após cumprir três anos de cadeia.
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Dafne McPherson, 29 anos, foi condenada a 16 anos de prisão por ser considerada culpada da morte do seu bebé recém-nascido. O ministério público acusou-a de induzir o parto e afogar o bebé, mas um recurso da defesa conseguiu mostrar que as provas apresentadas contra a mulher eram infundadas.
"A única coisa que posso dizer a outras mulheres na mesma situação que eu é que nunca percam a esperança", disse Dafne McPherson aos jornalistas, quinta-feira, à saída da prisão. "Eles não investigaram. Não fizeram nada", apontou.
O caso remonta a 2015, quando a mulher trabalhava numa loja em San Juan del Río. Foi à casa de banho devido a hemorragias e o feto caiu na sanita depois de ela ter desmaiado devido à perda de sangue, explicou o seu advogado, Aureliano Hernández, citado pela BBC.
O caso de Dafne McPherson ganhou notoriedade no México depois de serem revelados vídeos dos procuradores durante o julgamento a acusá-la de fazer "o que nem um cão faria". A mulher afirmou em tribunal que não sabia que estava grávida.
No último recurso apresentado, os advogados de defesa apresentaram provas de que a morte do bebé foi provocada por instalações desadequadas e falta de cuidados médicos. Os serviços de segurança da loja impediram a entrada no parque de estacionamento de uma ambulância da Cruz Vermelha e chamaram uma ambulância privada.
Também conseguiram demonstrar que, um ano antes, Dafne McPherson foi diagnosticada com hipotiroidismo, doença que causa sintomas que se podem confundir com uma gravidez - aumento do peso, menstruação irregular e fadiga.
O aborto foi descriminalizado na Cidade do México (capital) em 2007 mas continua a ser crime na maioria dos Estados mexicanos. As mulheres arriscam uma pena mínima de cinco anos de prisão por recorrerem ao aborto.