Uma mulher morreu, esta quarta-feira, em Dhaka, capital do Bangladesh, depois de a Polícia abrir fogo numa manifestação do setor textil por aumentos salariais. Esta é a terceira morte em protestos marcados pela violência policial, nas duas últimas semanas.
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Anjuara Khatun, operária de 26 anos na fábrica de vestuário Islam Garments, morreu, na quarta-feira, quando as autoridades interromperam com tiros a manifestação de cerca de 400 trabalhadores contra o novo salário minimo de 92 libras por mês (cerca de 105 euros), de acordo com o diário britânico "The Guardian".
A vítima mortal, mãe de duas crianças, foi baleada na cabeça no momento em que se dirigia para casa, depois do encerramento da fábrica, devido aos protestos. A empresa faz parte das mais de 3,5 mil fábricas de vestuário do país asiático, que servem grandes marcas de moda mundial como a Levi's, Zara e H&M.
O marido da vítima, Mohammad Jamal, de 23 anos, citado pela France 24, alega que a "Polícia abriu fogo" e que a mulher "foi baleada na cabeça e morreu no carro a caminho do hospital".
Terceira morte em duas semanas
Nas últimas duas semanas, depois de conhecida a proposta do novo salário mínimo, os protestos dos trabalhadores, a maioria mulheres, têm-se tornado mais violentos. Neste contexto, morreram Rasel Hawlader, de 26 anos, e Imran Hossain, de 32, trabalhadores das fábricas Design Express Ltd e ABM Fashions, respetivamente.
Nos últimos dias, milhares de operários já bloquearam a principal estrada de Dhaka e a a Polícia respondeu com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Alguns autocarros foram também queimados.
A sindicalista Nazma Akhter apelou ao primeiro-ministro para "parar a violência policial", considerou a proposta salarial "inaceitável" e defendeu que as grandes marcas mundiais também "deviam pronunciar-se". "Qual a utilidade dos argumentos sobre o empoderamento feminino quando as mulheres que fazem as suas roupas estão a ser assassinadas nas ruas?", relembrou a líder sindical.