
O projeto inclui uma estação elétrica de alta tensão de 380 quilovolts, fábricas de hidrogénio e grandes tubagens que transportarão amoníaco e hidrogénio
Foto: Jeffrey Groeneweg/EPA
Um município dos Países Baixos quer eliminar uma aldeia inteira para construir infraestruturas envolvidas na "transição ecológica", gerando indignação entre os habitantes.
Corpo do artigo
O município neerlandês de Moerdijk, na província de Brabante, O presidente da câmara, Aart-Jan Moerkerke, e a sua equipa de vereadores anunciaram a decisão durante uma reunião pública em que os moradores, muitos deles em lágrimas, denunciaram que o plano está a ser imposto sem ter em conta a vontade da população, relatou hoje a emissora regional Omroep Brabant.
O município considera que o desaparecimento da aldeia é a única opção possível para dar lugar a "um nó energético fundamental na transição ecológica" dos Países Baixos, através da expansão do porto e da área industrial adjacentes.
O Governo neerlandês e o de Brabante prevêem destinar cerca de 450 hectares de terreno para transformar a zona num dos principais pontos nevrálgicos do fornecimento elétrico nacional.
O projeto inclui uma estação elétrica de alta tensão de 380 quilovolts, fábricas de hidrogénio e grandes tubagens que transportarão amoníaco e hidrogénio desde o porto de Roterdão até Limburgo.
As autoridades nacionais, locais e da província de Brabante acreditam que a localização desta aldeia é a única que cumpre todos os requisitos: situa-se junto à água e perto do atual parque industrial.
Segundo afirmam, uma alternativa mais a sul criaria graves problemas de habitabilidade noutros quatro povoados e seria ainda dificultada pela autoestrada. "Estamos a pedir um sacrifício enorme aos nossos habitantes", admitiu Moerkerke, que classificou a decisão como a mais difícil da sua carreira.
Os habitantes do município temem agora perder as suas casas e a sua comunidade.
Vários têm manifestado preocupação com as sepulturas familiares e com a falta de apoio psicológico a ser prestada durante o processo. "Não estávamos preparados para este anúncio. Espero que a câmara municipal se demita em bloco", afirmou um residente de Moerdjik.
Os planos dos dirigentes do município, que tem cerca de 1.100 habitantes, necessitam ainda de aprovação pelo conselho municipal.
Estão previstas promessas de compensação económica, realojamento prioritário e um fundo temporário para manter a qualidade de vida enquanto a aldeia ainda existir.
As autoridades locais estimam que haverá uma decisão final sobre o assunto antes de 1 de dezembro.
A construção das novas estações de energia deverá começar em 2028 e estar concluída em 2033, a par com a de outros projetos complementares.
