Apesar dos esforços de transição para energias renováveis, no ano passado, o uso de carvão atingiu um novo recorde mundial, pondo em causa as metas que pretendem controlar o aquecimento global.
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Embora o uso de carvão para gerar eletricidade tenha diminuído com o avanço das energias renováveis, o aumento geral da procura energética traduz-se nos valores elevados do uso do combustível fóssil. Estes dados foram apresentados esta quarta-feira, no relatório anual "State of Climate Action".
Os resultados revelam a dificuldade dos países em cumprir as metas estabelecidas para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, que continuam a aumentar, embora de forma menos acentuada, e levantam preocupações relativamente à possibilidade de evitar os impactos das alterações climáticas.
 
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"Não há dúvida de que estamos, em grande parte, a fazer as coisas certas. Simplesmente não estamos a avançar com a rapidez necessária. Uma das conclusões mais preocupantes da nossa avaliação é que, pelo quinto relatório consecutivo da nossa série, os esforços para eliminar o carvão estão muito longe do que se pretende", explicou Clea Schumer, investigadora associada do World Resources Institute thinlthank, ao jornal britânico "The Guardian".
Se o mundo quiser atingir as zero emissões líquidas de carbono até 2050, de forma a limitar o aquecimento global de 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais, meta estabelecida no acordo climático de Paris, mais setores precisarão de trocar os combustíveis fósseis por eletricidade. No entanto, esta mudança só será benéfica se o fornecimento global de eletricidade for redirecionado para as baixas emissões de carbono.
"A mensagem é clara. Se continuarmos a bater os recordes associados ao uso de carvão não vamos limitar o aquecimento global em 1.5ºC", acrescentou a investigadora.
Apesar de a maioria dos governos ter como compromisso a "redução gradual" do uso de carvão, alguns continuam a avançar com o combustível poluente. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, por exemplo, celebrou este ano a produção de mil milhões de toneladas de carvão. Donald Trump também declarou o seu apoio ao uso do mesmo, bem como de outros combustíveis fósseis.
As políticas energéticas de Donald Trump têm especial relevância nos futuros impactos desta problemática, sendo que a China e a União Europeia devem continuar a favorecer a energia renovável para mitigar as suas repercussões.
Ainda assim, nem tudo no relatório é negativo, as boas notícias estão associadas ao crescimento da energia renovável, principalmente da energia solar, "a fonte de energia com crescimento mais rápido da história". No entanto, para que o mundo consiga atingir os cortes de emissões necessários, as taxas de crescimento anual da energia solar e eólica devem duplicar.
O relatório alertou para o estado das florestas, turfeiras, zonas húmidas, oceanos e outros recursos naturais que armazenam carbono. Embora vários países se tenham comprometido repetidamente a proteger as suas florestas, estas continuam a ser destruídas, embora a um ritmo mais lento em algumas áreas.
No próximo mês, os grandes líderes mundiais vão reunir-se no Brasil, para a COP30, a cimeira do clima da ONU, onde deverão discutir planos que permitam cumprir a meta de não ultrapassar os 1.5ºC, conforme o acordo climático de Paris.
