Nove décadas depois, o reconhecimento do Holodomor como genocídio continua a não ser unânime. O historiador José Neves esclarece que não há evidências de um extermínio em massa na Ucrânia e não encontra semelhanças com a atual invasão russa, ao contrário da investigadora Sandra Fernandes.
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São vastos os arquivos que não deixam a Humanidade esquecer o momento histórico que a Ucrânia e mais 21 países do Mundo, entre os quais Portugal, consideram ter sido um genocídio perpetrado pelo regime soviético de Estaline. Embora as políticas que levaram à Grande Fome tenham gerado diferentes níveis de miséria pelas 15 repúblicas da antiga União Soviética (URSS), na Ucrânia, a dimensão da tragédia humana foi mais vasta. Morreram cerca de 3,9 milhões de pessoas, mas, 90 anos depois, não há consenso sobre um dos períodos mais funestos da História.
“Não há provas de uma política genocida por parte de Estaline, pois não existem evidências de que as mortes, nomeadamente na Ucrânia, tenham sido deliberadas com o objetivo de exterminar a população. O que houve foi uma desvalorização do povo ucraniano, que foi sacrificado em prol da industrialização”, esclarece ao JN José Neves, professor do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.