O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu o relatório da ONU que declara a fome em Gaza como uma "mentira descarada" e atribuiu a responsabilidade pela escassez ao Hamas.
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"Israel não tem uma política de fome. Israel tem uma política de prevenção da fome", afirmou Netanyahu, num comunicado citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A ONU declarou, esta sexta-feira, a fome em parte da Faixa de Gaza, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente, e disse que a situação podia ter sido evitada se não fosse "a obstrução sistemática de Israel".
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No comunicado, Netanyahu disse que "os únicos que estão deliberadamente a passar fome em Gaza são os reféns israelitas" do Hamas, raptados durante o ataque de 7 de dezembro de 2023, no sul de Israel.
O ataque desencadeou a ofensiva militar de Israel em curso na Faixa de Gaza para destruir o Hamas, que as autoridades israelitas consideram um grupo terrorista.
Netanyahu disse também que o relatório da ONU "ignora os esforços humanitários de Israel e os roubos sistemáticos de ajuda" pelo Hamas.
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"O Hamas rouba ajuda humanitária para financiar a sua máquina de guerra. Estas foram as causas da escassez temporária, que Israel superou", afirmou, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
A declaração de fome na província de Gaza foi emitida pelo do Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), organismo da ONU com sede em Roma.
O IPC avisou que a situação deverá estender-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Younis (sul) até ao final de setembro.
A declaração foi feita depois de especialistas terem alertado que 500 mil pessoas se encontravam numa situação catastrófica no território devastado pela ofensiva militar israelita.
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Na sequência da declaração, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou apelos para um cessar-fogo imediato, mas também para a libertação imediata dos reféns e o acesso humanitário sem restrições. "Não podemos permitir que esta situação continue impunemente", afirmou Guterres.
O chefe da agência de direitos humanos da ONU, Volker Turk, lembrou que "matar pessoas à fome para fins militares é um crime de guerra".
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do Hamas, que causou cerca de 1200 mortos e o rapto de 250 pessoas, feitas reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.190 mortes em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.