O terrorista com origens portuguesas que participou - e morreu - nos atentados de 13 de novembro, em Paris, deixou uma mensagem onde avisa os europeus, e em particular a França, de que "ninguém está a salvo do exército santo".
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Ismael Omar Mostefai foi morto pela Polícia dentro do Bataclan, mas deixara uma mensagem gravada num campo de treinos do Estado Islâmico (EI), na Síria. O vídeo com o recado do lusodescendente e dos outros oito terroristas que levaram a cabo os atentados de Paris foi divulgado anteontem pelo Al-Hayat, o centro de propaganda do EI. Intitula-se "Kill Them Wherever You Find Them" (matem-nos onde quer que os encontrem), citação direta de uma das frases do Corão mais usadas pelos radicais.
Nas imagens, os terroristas aparecem de faca na mão e decapitam várias vítimas. Ismael Mostefai, conhecido nas fileiras do EI como Abu Rayyan Al-Faransi, lê uma mensagem de quatro minutos, em que justifica que vai participar nos ataques a Paris para se vingar "de todos os franceses, cães, que elegeram os filhos da mãe que bombardearam os irmãos do Mali e Iraque".
A intervenção de França no Mali teve início a 11 de janeiro de 2013 com o bombardeamento de cerca de 20 campos de treino terroristas, o que travou o avanço dos radicais islâmicos na região. Quanto ao Iraque, a França tem sido um dos principais países da coligação militar liderada pelos Estados Unidos a participar em bombardeamentos aéreos contra as posições do EI.
Origens na Póvoa de Lanhoso
Recorde-se que Mostefai tem origens portuguesas por parte da mãe, Lúcia Moreira, que nasceu na Póvoa de Lanhoso. Lúcia tem hoje 54 anos e adotou a vida muçulmana depois de se casar com um cidadão argelino, pai de Mostefai. Lúcia saiu aos seis anos da Póvoa de Lanhoso com a mãe e nunca trouxe o filho a Portugal.
É por isso que Mostefai tem nacionalidade francesa. E é em francês que ameaça os seus conterrâneos: "Quando o exército santo chegar à vossa terra, vão tremer de medo e nenhuma aliança com outros países vos vai servir. Porque o exército santo não teme a morte, pois a guerra contra os infiéis é santa".
A mensagem termina com Mostefai a degolar um cidadão cuja identidade não é revelada. Enquanto executa o bárbaro homicídio, o lusodescendente ameaça que "todos os infiéis vão acabar" como aquela vítima. Segue-se, no vídeo de propaganda, uma série de imagens do presidente francês, François Hollande, e do primeiro-ministro britânico, David Cameron, no parlamento.