A violência étnica no sul do Quirguistão provocou 41 mortos e cerca de 600 feridos, indicou hoje, sexta-feira, o Ministério da Saúde do país da Ásia Central.
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O Governo provisório do Quirguistão decretou o estado de emergência e o recolher obrigatório em Och, segunda cidade do país, na sequência de confrontos que eclodiram quinta-feira à noite entre quirguizes e elementos da minoria uzbeque e alastraram a zonas vizinhas.
Segundo testemunhas citadas pelas agências, o detonador do conflito foram confrontos físicos entre um grande número de quirguizes e uzbeques, uma das comunidades mais numerosas em Och, que, em poucas horas, resultou numa onda incontrolável de grupos enfurecidos de cada etnia a incendiarem automóveis, a assaltarem lojas e a agrediram transeuntes nos vários bairros da cidade.
Para pôr fim aos confrontos e desordens, que se iniciaram na quinta feira e se prolongaram pela madrugada, as autoridades declararam o estado de emergência e o recolher obrigatório nas cidades de Och, Uzguen e nas províncias de Karasuisk e Avaransk, que foram ocupadas pelo Exército.
Um porta-voz dos bombeiros de Och reconheceu que, durante as desordens, foi incendiado o edifício da Orquestra Filarmónica, o Teatro Dramático Uzbeque, a sede de uma empresa de telecomunicações, um hotel, tipografias, centros comerciais, restaurantes e bares.
As autoridades quirguizes, que enviaram reforços militares para o sul do país, afirmam ter travado a onda de violência e controlar a situação.
O Quirguistão é um dos mais pobres países da Ásia Central, dilacerado pela luta de clãs e máfias. Recentemente, a oposição conseguiu derrubar o regime autoritário do Presidente Kurmambek Bakiev, mas não soube ainda travar a onda de violência.
O secretário geral da ONU também pediu o fim da violência e afirmou-se "profundamente preocupado" com a situação neste país da Ásia central. Ban Ki-moon pede "o regresso à calma e apela à contenção de todas as partes para se evitar mais perdas de vidas".