O Papa Francisco foi operado ao abdómen sob anestesia geral, esta quarta-feira, em Roma, numa intervenção que o Vaticano diz ter corrido bem. Francisco já teve parte de um pulmão removido quando era jovem, devido a uma doença respiratória, e também sofre de dores no nervo ciático. Há mais de um ano que utiliza cadeira de rodas e andarilho devido a problemas no joelho. O pontífice, de 86 anos, passou a maior parte dos seus dez anos como Papa com uma saúde relativamente boa, mas lidou com algumas condições médicas dolorosas nos últimos anos. Segue-se uma linha temporal que mostra as recentes preocupações com a saúde do Papa Francisco:
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Dezembro de 2020:
Papa Francisco não celebrou a missa de fim de ano, nem a missa de Ano Novo do dia 1 de janeiro de 2021, por causa de uma dor ciática. O pontífice sofre há anos de dores ciáticas, e falou sobre isto durante uma conferência de imprensa em julho de 2013: "a ciática dói muito, dói muito! Não desejo isso a ninguém", declarou o líder da Igreja Católica sobre a condição que pode causar dor na parte inferior das costas, por trás das coxas e nas pernas até ao pé.
Janeiro de 2021:
De acordo com a agência noticiosa do Vaticano (CNA, na sigla em inglês), o pontífice cancelou três compromissos de agenda ao final de janeiro devido a uma nova crise de dor ciática.
Julho de 2021:
Papa Francisco passou 11 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma, após uma cirurgia para aliviar o estreitamento do cólon, causado pela diverticulite. A cirurgia de três horas incluiu a remoção de 33 centímetros do seu intestino grosso, de acordo com a Associated Press (AP). O Vaticano declarou na época que o líder da Igreja Católica apresentou um "progresso clínico normal" durante a recuperação.
Janeiro de 2022:
Em 17 de janeiro, durante uma conferência, o líder da Igreja pediu desculpas por se sentar pois estava com um incómodo nas pernas. Posteriormente, Francisco não participou num compromisso junto dos fiéis, como de costume, devido a uma inflamação no ligamento do joelho direito, segundo a CNA.
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Fevereiro de 2022:
O Sumo Pontífice cancelou dois eventos no final de fevereiro devido a dores nas pernas, e recebeu ordens médicas para repousar. Em março, Francisco caminhava sem auxílio, porém, necessitava por vezes de ajuda para subir e descer escadas.
Abril de 2022:
Na primeira semana, durante uma viagem a Malta, Francisco contou com o apoio de um elevador para desembarcar do avião, e outro equipamento foi instalado na Basílica de São Pedro, em Rabat, para auxiliar o pontífice. Na volta, o Papa Francisco disse aos jornalistas que a sua saúde estava um "pouco inconstante", e que o incómodo no joelho trazia "problemas para caminhar".
Na Sexta-feira Santa, Francisco não se deitou diante do altar, como fez durante anos. O Sumo Pontífice também não presidiu à tradicional missa da Vigília Pascal, a 16 de abril, nem participou na procissão do círio pascal, mas sentou-se diante da congregação numa cadeira branca.
No fim do mês, a CNA confirmou que a agenda do Papa Francisco foi cancelada por cinco dias, entre os dias 22 e 26, para a realização de exames médicos e descanso do joelho, seguindo ordens médicas. No dia 30 de abril, o líder da Igreja Católica declarou que lhe foi dada indicação médica para não caminhar.
Maio de 2022:
Logo no início de maio, Francisco foi submetido a um procedimento médico no joelho, uma "intervenção com infiltrações", comummente realizada para alívio das dores. Dois dias depois, o chefe de Estado do Vaticano surgiu de cadeira de rodas no seu primeiro compromisso público, e utilizou-a durante todo o mês. Um arcebispo próximo do Papa declarou que o pontífice cumpria cerca de duas horas diárias de reabilitação no joelho, segundo a CNA.
Junho de 2022:
Sua Santidade adiou as viagens à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul por ordem médica, de acordo com a CNA. No dia 16, o Papa Francisco não presidiu à célebre missa do Corpo de Deus, devido aos problemas no joelho. A 28 de junho, o pontífice caminhou com uma bengala durante um encontro com bispos do Brasil e afirmou: "já consegui caminhar por três dias".
Agosto de 2022:
Massimiliano Strappetti, um enfermeiro do Vaticano, foi anunciado como "assistente pessoal de cuidados de saúde" do Papa Francisco, a 4 de agosto.
Novembro de 2022:
Segundo a CNA, José María Villalón, médico principal do clube de futebol Atlético de Madrid, foi contratado para auxiliar o Papa Francisco com os seus problemas no joelho. Villalón afirmou que o Sumo Pontífice é um "paciente muito bom e muito teimoso, no sentido de que há procedimentos cirúrgicos que ele não quer".
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Janeiro de 2023:
Em entrevista publicada pela AP, a 25 de janeiro, o Papa Francisco anunciou que a diverticulite havia retornado, porém, enfatizou que estava de "boa saúde".
Fevereiro de 2023:
A 23 de fevereiro, o pontífice distribuiu cópias dos seus discursos em dois compromissos matinais, ao invés de lê-los em voz alta, como usualmente. O Vaticano anunciou que o Papa Francisco estava com uma "forte constipação".
Março de 2023:
De acordo com a CNA, o chefe de Estado permaneceu alguns dias internado no hospital durante o mês de março devido a uma infeção respiratória.
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Maio de 2023:
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, confirmou o cancelamento de audiências do pontífice no dia 26 de maio, devido a "um estado febril". O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, culpou a agenda cheia de Francisco, e disse que o Papa "estava cansado após um dia muito agitado".
Junho de 2023:
Segundo a CNA, o Vaticano confirmou que Francisco visitou o Hospital Gemelli, no dia 6 de junho, para a realização de exames médicos.
Esta quarta-feira, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, declarou à Imprensa que o Papa Francisco passará por uma cirurgia do abdómen sob anestesia geral, na tarde de hoje. O Sumo Pontífice será sujeito a uma "laparotomia e cirurgia plástica da parede abdominal com prótese", necessária devido a uma obstrução que causa sintomas "recorrentes, dolorosos e agravantes", segundo Bruni.
Segundo a AP, Francisco aparentava estar em boa forma na audiência semanal na manhã de hoje, no Vaticano, e circulou pela Praça de São Pedro, no "papamóvel", e cumprimentou os fiéis.