O novo presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, considerou a sua eleição, que marca a primeira alternância democrática no país desde a independência, "verdadeiramente histórica".
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"O nosso país junta-se à comunidade das nações que substituem nas urnas um presidente em escrutínios livres e honestos", congratulou-se Muhammadu Buhari, no primeiro discurso após a eleição.
"Para mim, é verdadeiramente histórico", afirmou este antigo golpista de 72 anos, que dirigiu uma junta militar durante dois anos entre 1983 e 1985, antes de aderir à democracia.
"Às 17.15 (de terça-feira), o presidente [Goodluck] Jonathan telefonou-me para me felicitar. Peço a todos os nigerianos que se juntem a mim para saudar as suas qualidades de homem do Estado", acrescentou.
O novo presidente eleito indicou que contava reunir-se rapidamente com o chefe de Estado cessante para organizar a chegada à presidência.Goodluck "Jonathan pode estar certo de que terá toda a nossa compreensão, a nossa total cooperação e o respeito da minha equipa e de mim próprio", garantiu Buhari.
Entretanto, a presidente da comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, felicitou Muhammadu Buhari pela vitória nas presidenciais nigerianas, e elogiou o chefe de Estado cessante derrotado, Goodluck Jonathan, "por ter aceitado com elegância os resultados".
"O resultado das eleições demonstra claramente a maturidade da democracia, não apenas na Nigéria, mas em todo o continente" africano, sublinhou Dlamini-Zuma, num curto comunicado divulgado em Addis Abeba, sede da organização pan-africana.
Muhammadu Buhari, candidato do partido da oposição Congresso Progressista (APC, sigla em inglês), venceu as presidenciais com 53,95% dos votos contra 44,96% para Goodluck Jonathan, do Partido Democrático Popular (PDP), de acordo com os resultados oficiais hoje divulgados.
A vitória de Buhari é um marco importante na história política da Nigéria, que viveu seis golpes de Estado militares desde a independência em 1960, e que era governada pelo mesmo partido, o PDP, desde o fim do período das ditaduras militares há 16 anos.
Expulsos nas últimas semanas de parte dos seus bastiões, os islamitas do Boko Haram, aliados - desde o início do mês passado - do movimento extremista Estado Islâmico, que perpetraram no último ano atentados suicidas e raptos na Nigéria e nos países vizinhos, não conseguiram perturbar a realização do escrutínio, apesar das ameaças feitas.