No segundo dia da visita de Guterres à Ucrânia, o líder da ONU passou pelas cidades destruídas de Irpin, Bucha e Borodyanka e já reuniu com o presidente Zelensky, em Kiev. A promessa da luta pelo cessar-fogo é a bandeira de Guterres que considerou o conflito "um absurdo". Os EUA anunciaram um novo pacote de ajuda e a Rússia ameaçou outra vez a segurança da Europa. Eis os pontos-chave do 64.º dia da guerra.
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- António Guterres voltou a apelar à Rússia que "colabore" no sentido de alcançar um cessar-fogo, assegurando estarem "a decorrer negociações para evacuar Mariupol". A partir de Kiev, o Secretário-geral da Organização das Nações Unidas admitiu que Conselho de Segurança falhou na prevenção do conflito e que a "a guerra é um absurdo no século XXI". Além da capital ucraniana, Guterres esteve em Irpin, Bucha e Borodyanka.
- Em conferência de imprensa conjunta, Voldymyr Zelensky garantiu que o Secretário-Geral da ONU já viu o "genocídio" provocado pelas "forças ocupantes" na Ucrânia e reforçou a necessidade de "haver registo de todos os crimes contra a humanidade que estão a ser cometidos" e de "retirar os cidadãos de Mariupol", o que não aconteceu ainda, uma vez que continuam os bombardeamentos. É esperado um novo corredor humanitário na sexta-feira.
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- Kiev foi atingida por duas explosões quando António Guterres se encontrava na capital ucraniana. Foi o primeiro bombardeamento deste tipo na cidade desde meados de abril, segundo o gabinete do presidente da câmara.
- O presidente dos Estados Unidos pediu ao Congresso mais 33 mil milhões de dólares (cerca de 31 mil milhões de euros) para ajudar a Ucrânia a resistir à invasão russa. A proposta apresentada esta quinta-feira servirá para apoiar as necessidades do país invadido durante cinco meses. Joe Biden disse ainda que quer dar a Kiev os fundos confiscados a oligarcas russos, como medida compensatória.
- A Rússia voltou a avisar que o fornecimento de armamento à Ucrânia ameaça a segurança na Europa, depois de o Governo britânico ter apelado para a entrega de mais armas pesadas e aviões a Kiev. Para a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, os países ocidentais estão a "testar a paciência" de Moscovo.
- Alemanha e Bulgária anunciaram o envio de armamento pesado para território ucraniano.
- Investigadores ucranianos identificaram "mais de oito mil casos" de alegados crimes de guerra desde o início da invasão russa, revelou a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova. "Trata-se, na verdade, de 8600 casos envolvendo apenas crimes de guerra e mais de quatro mil relacionados" com este tipo de crimes, disse Venediktova em entrevista à emissora de rádio e televisão alemã Deutsche Welle.
- Dez soldados russos foram indiciados por presumíveis crimes cometidos em Bucha, cidade nos arredores de Kiev. "Dez soldados da 64.ª brigada russa de fuzileiros motorizados foram indiciados, em ligação com o cruel tratamento de civis e outras violações da lei e dos costumes de guerra", anunciou a procuradora-geral ucraniana na sua conta do Telegram.
- O exército russo tem concentrado tropas e armamento na cidade de Izium e está a intensificar a ofensiva para controlar por completo a região ucraniana de Donbass, afirmou esta quinta-feira a liderança militar da Ucrânia.
- A administração russa que controla a cidade costeira de Kherson vai substituir a moeda ucraniana pelo rublo. As duas moedas, hryvnia e rublo, poderão circular em paralelo durante um período de transição que poderá durar quatro meses, disse o vice-presidente da administração local russa, Kirill Stremooussov. "Depois disso, mudaremos completamente para pagamentos em rublo", acrescentou.
- Separatistas pró-russos acusaram esta quinta-feira as forças ucranianas de bombardearem o mercado Merkuriy, em Donetsk, matando três civis e ferindo várias pessoas.