"O meu filho não morreu. Obrigada, Deus". O alívio de uma mãe tailandesa após a libertação dos reféns
A família de um trabalhador agrícola tailandês, mantido preso durante mais de um ano em Gaza, chorou de alívio, na quinta-feira, quando este foi libertado numa troca de reféns entre Israel e o Hamas.
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Cinco tailandeses deixaram o cativeiro juntamente com três israelitas no âmbito da primeira etapa do acordo de cessar-fogo entre Telavive e o grupo islamita. Quando o Hamas atacou Israel, a 7 de outubro de 2023, 31 tailandeses foram raptados, 23 foram libertados até ao final daquele ano e dois confirmados mortos, em maio.
"Está confirmado, o meu filho não morreu. Graças a Deus", celebrou Wiwwaeo Sriaoun ao ouvir a confirmação de que o seu filho Watchara Sriaoun estava entre os libertados. "Vou abraçá-lo quando o vir. Quero ver se a sua saúde está bem, estou preocupada com a sua saúde", acrescentou, entre soluços. "Obrigada, obrigada, Deus, ele não morreu. Nós confiamos em Deus", declarou.
Cerca de 10 familiares reuniram-se para apoiar Wiwwaeo enquanto ela aguardava por notícias na modesta casa na quinta de borracha da família, na região nordeste de Udon Thani. Watchara estava entre os seis reféns tailandeses ainda mantidos em Gaza, mas quando a troca de detidos foi anunciada, na quarta-feira, não havia detalhes sobre quais destes seriam libertados.
Oriundo da zona rural pobre de Udon Thani, Watchara mudou-se para Israel há três anos para trabalhar como agricultor por melhores salários.
Antes da libertação do filho ser confirmada, Wiwwaeo passou o dia a ver canais de notícias num tablet na esperança de novidades. "Vem, volta para casa, para junto do teu pai, da tua mãe e da tua filha", disse.
"A minha amiga ligou-me por volta das 22 horas e disse que o embaixador lhe contou que cinco tailandeses seriam libertados, e a minha amiga disse que o meu filho poderia ser um deles", afirmou Wiwwaeo à agência France-Presse (AFP), com aparência exausta, mas entusiasmada. "Não consegui dormir desde então até agora. Estive acordada até às 3 horas da manhã e eu e o meu marido saímos para extrair borracha e desde então tenho monitorizado as notícias", relatou.
Trabalhadores agrícolas
O irmão mais novo de Watchara, que também estava a trabalhar em Israel, regressou à Tailândia depois do familiar ter sido raptado. "Dissemos-lhe para voltar porque estávamos preocupados", revelou a mãe à AFP.
A tia de Watchara, Ratana Sriaoun, contou anteriormente que a família não acreditaria que ele estava em segurança até terem uma confirmação oficial. "Os irmãos e irmãs em casa estão muito felizes e entusiasmados, mas ficamos desapontados muitas vezes", complementou.
A Tailândia tem cerca de 30 mil cidadãos em Israel, a maioria deles a trabalhar no setor agrícola, onde auferem salários significativamente mais elevados como trabalhadores rurais do que ganhariam no seu país. Um total de 46 trabalhadores tailandeses foram mortos desde os ataques de outubro de 2023, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Banguecoque.
O Ministério do Trabalho da Tailândia anunciou, na semana passada, que o país vai expandir a sua força de trabalho em Israel em 13 mil postos. O Governo tailandês acreditava inicialmente que 32 dos seus cidadãos tinham sido raptados após os ataques do Hamas, mas o número foi posteriormente revisto para 31.