O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou, esta terça-feira, que "não faz qualquer sentido" comparar a anexação da república autónoma ucraniana da Crimeia com o processo de independência do Kosovo.
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"Quando ouço comparações com o Kosovo, onde milhares de pessoas foram massacradas pelo seu Governo, é uma comparação que não faz nenhum sentido", disse Obama, uma conferência de imprensa em Haia (Holanda), onde decorreu uma cimeira internacional sobre segurança nuclear.
A comunicação social estatal russa recordou na segunda-feira os bombardeamentos da NATO contra a Jugoslávia ocorridos há 15 anos, descrevendo o Ocidente como hipócrita quando argumenta que a Crimeia não tem o direito a separar-se da Ucrânia e recordando que a NATO usou a força para ajudar o Kosovo a separar-se da Sérvia de Slobodan Milosevic.
O governante norte-americano rejeitou igualmente as explicações do Presidente russo, Vladimir Putin, quando afirma que as movimentações de Moscovo na Crimeia foram para proteger os russófonos que vivem naquela península e na Ucrânia.
"Não existiram quaisquer provas de que russófonos tenham estado alguma vez ameaçados", reforçou.
Na mesma conferência de imprensa, Obama sublinhou que a atitude da Rússia para com os seus países vizinhos durante a crise na Ucrânia e o processo de anexação da Crimeia não foi um sinal de "força" mas sim de "fraqueza".
"A Rússia é uma potência regional que ameaça alguns dos seus vizinhos mais próximos, não por força, mas por fraqueza", referiu.
Obama admitiu que os Estados Unidos também exercem influência sobre os "vizinhos", mas "geralmente não precisamos de invadi-los para ter uma forte relação de cooperação".
"O facto de a Rússia ter sentido a necessidade de usar o exército e violar a lei internacional é uma prova de uma menor influência, e não de uma maior influência", disse Barack Obama.
As declarações do líder norte-americano ocorrem um dia depois dos sete países mais industrializados do mundo (G7) terem decidido não participar em mais reuniões com a Rússia, no formato G8, até que Moscovo "mude de rumo" em relação à Ucrânia.
"Vamos suspender a nossa participação no G8 até que a Rússia mude de rumo", referiu um comunicado dos líderes dos sete países (França, Reino Unido, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Japão), que também confirmou a suspensão da reunião do G8 que estava agendada para julho, na cidade russa de Sochi.
Ainda em Haia, o Presidente norte-americano também confirmou que as sanções económicas contra a Rússia que estão a ser preparadas pelos Estados Unidos, em "coordenação com os europeus", abrangem os setores da "energia, finanças, venda de armamento ou de comércio".
"Preferíamos continuar a resolver esta crise pela via diplomática", assegurou Obama.
"Cabe à Rússia agir com sentido de responsabilidade e respeitar as regras internacionais", reforçou o líder norte-americano, antes de seguir para Bruxelas, onde vai encontrar-se com os representantes da União Europeia (UE).