Vários manifestantes alegam que ficaram cegos ou gravemente feridos depois de terem sido atingidos pela Polícia de choque com balas de borracha e latas de gás lacrimogéneo nos olhos. Patricio Acosta, presidente da Cruz Vermelha do Chile, disse que houve mais pessoas a ficar sem um dos olhos nas últimas três semanas do que em vinte anos, no país. A Sociedade Oftalmológica do Chile registou 225 lesões oculares graves entre 19 de outubro e 10 de novembro.
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Tensão no Chile
Ao fim de um mês de contestação na rua, extrema repressão policial e violência (pelo menos 22 mortos e mais de dois mil feridos), o presidente do Senado anunciou, na sexta-feira, um "Acordo de Paz e Nova Constituição". Em abril, os chilenos dirão em referendo se querem uma nova Constituição e quem deve redigi-la. A esquerda quer uma assembleia constituinte.
O objetivo é revogar a Constituição da ditadura de Augusto Pinochet (1973-90), exigência central na contestação ao presidente Sebástian Piñera, iniciada a 14 de outubro. A espoleta foi o aumento dos preços dos bilhetes do metro. Mas havia outros (eletricidade, pão...) e razões de fundo (agravamento de desigualdades, pensões sociais reduzidas...). Piñera cancelou os aumentos, mas a rua não cedeu. Remodelou o Governo, mas centenas de milhares não transigiram.