Na semana passada, a Suécia pediu ajuda internacional para combater os incêndios que se espalharam por todo o país, depois de meses sem chuva, seguidos de semanas de temperaturas elevadas.
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Até ao final da semana passada, mais de 50 incêndios florestais espalharam-se pela Suécia. A nação famosa pelo frio e neve viu-se incapaz de lidar com os fogo e pediu ajuda internacional, um pedido respondido por vários países, entre os quais Portugal, que enviou 31 elementos e quatro veículos para o combate às chamas.
As ocorrências na Suécia não são incomuns no momento. Em grande parte do hemisfério norte, ondas de calor intensas e prolongadas desencadearam distúrbios e devastações, na América do Norte, Ártico, norte da Europa e África, que sofreram temperaturas muito elevadas. Em África, uma estação meteorológica na Argélia, registou uma temperatura de 51,3 graus, a mais alta já registada no continente.
No Japão, onde as temperaturas atingiram mais de 40 graus, as pessoas foram, na semana passada, incentivadas a tomar precauções depois de o calor ter feito mais de 40 mortos. Milhares de pessoas procuraram tratamento hospitalar.
Na Califórnia, EUA, o aumento do uso de aparelhos de ar condicionado levou a cortes de eletricidade. Mas o impacto mais estranho do calor intenso foi sentido no Canadá, cujas temperaturas mataram dezenas de pessoas. A morgue de Montreal ficou sobrecarregada com corpos e muitos cadáveres tiveram que ser armazenados noutras partes da cidade.
O clima escaldante no Reino Unido chegou a derreter o telhado do Centro de Ciências de Glasgow. No entanto, não tem tido tanto impacto como nas restantes partes do mundo.
A maioria dos cientistas aponta que a causa da onda de calor se deve ao aquecimento global, sendo este o candidato mais óbvio. Outros alertam que não se pode exagerar o papel das mudanças climáticas, uma vez que pode haver outros fatores a influenciar as ocorrências.
Um desses fatores é a corrente de ventos, um núcleo de ventos fortes a cerca de cinco a onze quilómetros acima da superfície da Terra, que sopra de oeste a leste. Quando são intensos, trazem tempestades. Quando são fracos, trazem dias calmos, que é o que está a acontecer. "A corrente de ventos que estamos a experienciar é extremamente fraca e, como resultado, áreas de alta pressão atmosférica permanecem por longos períodos no mesmo lugar", explicou Dann Mitchell, da Universidade de Bristol ao "The Guardian".
Outros fatores incluem mudanças substanciais nas temperaturas da superfície do mar no Atlântico Norte. "Estes são parte de um fenómeno conhecido como oscilação multidecadal do Atlântico", disse Adam Scaife, do Met Office. "A situação é muito parecida com a que tivemos em 1976, quando tínhamos temperaturas semelhantes no Atlântico e uma corrente de ventos imutável que deixava grandes áreas de alta pressão em muitas áreas por longos períodos de tempo".
De acordo com especialistas, à medida que as emissões de carbono aumentam, é provável que as ondas de calor se agravem e se tornem mais frequentes.