As Nações Unidas afirmaram, esta sexta-feira, que a crise humanitária no Sudão poderá atingir "proporções épicas" e "consumir todo o país" se não forem tomadas medidas para a aliviar, podendo até ameaçar a estabilidade de toda a região.
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O secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, alertou em comunicado que "quanto mais o conflito [que começou em abril] se mantiver" entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF), mais devastador será o seu impacto.
Mais de 4,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas - mais de um milhão deslocou-se para países vizinhos - e estima-se que perto de meio milhar de crianças tenham morrido de fome ou com doenças como o sarampo, a malária, a dengue ou a diarreia, ameaças potenciais.
"Centenas de milhares de crianças sofrem de desnutrição grave e correm o risco de morrer se não forem tratadas", alertou Griffiths, que também teme que haja uma "geração perdida" no Sudão sem educação e marcada pelas "cicatrizes" físicas e psicológicas deixadas por uma guerra.
O responsável da ONU considera "muito preocupantes" as informações que apontam para o possível recrutamento de menores em grupos armados.
Os combates concentraram-se inicialmente em Cartum, a capital, e Darfur, mas desde então espalharam-se para outras áreas, como o Cordofão, onde os alimentos estão a acabar e as estradas continuam bloqueadas. "A humanidade deve prevalecer. Os civis precisam de assistência neste momento, os trabalhadores humanitários precisam de acesso e de fundos para a prestar ajuda", disse Griffiths.
"A comunidade internacional tem de responder com a urgência que esta crise merece", acrescentou o chefe da ONU.