A coligação da oposição síria comprometeu-se esta sexta-feira em Istambul a garantir a segurança de inspetores da ONU no local dos presumíveis ataques com armas químicas, perto de Damasco, imputados ao regime do presidente Bashar al-Assad.
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"Estamos determinados a ajudar os inspetores da ONU a deslocarem-se a todos os locais onde foram utilizadas armas químicas contra civis", declarou o porta-voz da coligação Khaled Saleh, traduzindo declarações em árabe do seu secretário-geral, Badr Jamous, numa conferência de imprensa em Istambul.
"Garantiremos a segurança da equipa de inspetores da ONU, mas é fundamental que esta equipa possa deslocar-se nas próximas 48 horas à zona que foi atingida. O tempo está a passar", insistiu Saleh.
Horas antes, a Rússia, fiel aliada do regime de Bashar al-Assad, apelou aos rebeldes para que "garantam" o acesso à equipa de especialistas chegada na quarta-feira à Síria para investigar acusações anteriores de utilização de armas químicas durante o conflito sírio.
"As informações fornecidas pelos russos não são exatas", insistiu Saleh, desmentindo quaisquer reticências dos rebeldes em deixar trabalhar a ONU.
Uma ofensiva ocorrida na quarta-feira em Ghuta oriental e em Muadamiyat al-Cham, dois setores controlados pelos rebeldes situados respetivamente nas periferias leste e oeste de Damasco, fez um número de vítimas ainda indeterminado.
No mesmo dia, a oposição forneceu um balanço de 1.300 mortos e acusou o regime de ter procedido a ataques com gases tóxicos.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que se apoia numa ampla rede de ativistas e médicos no terreno, contabilizou 170 mortos e não pôde confirmar a utilização de armas químicas.
Esta ONG afirmou, contudo, que o regime tinha bombardeado intensamente aquela região na quarta-feira, e também na quinta-feira.
As autoridades sírias desmentiram categoricamente as acusações de utilização de armas químicas.
Durante a conferência de imprensa de hoje, a coligação da oposição confirmou um balanço de 1.302 mortos e precisou as suas acusações de utilização de armas químicas ao regime de Damasco.
Citando informações procedentes de "fontes que ainda trabalham com o regime mas apoiam a revolução", sem mais pormenores, Saleh referiu o disparo de pelo menos três salvas de mísseis equipados com ogivas químicas.
"Às 2.31 horas (hora local), a 115.ª divisão [do exército sírio] começou a disparar os seus mísseis sobre a população civil", afirmou o porta-voz da coligação, mencionando um segundo ataque às 2.40 horas e um terceiro às 4.21 horas locais.
No total, perto de 40 mísseis foram disparados, acrescentou.
"Não temos confirmação do tipo de arma química utilizada", prosseguiu Saleh.
"Conseguimos recolher amostras de cabelo, sangue e urina e também estilhaços de mísseis e vamos enviá-los para fora da Síria para exames adicionais", anunciou.